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Ícaro Silva – de Malhação à Simonal – confira a entrevista com o ator

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Entrevistamos o ator Ícaro Silva, em cartaz com o musical sobre a vida de  Simonal no Teatro Leblon. Na peça que mistura show musical e teatro, Ícaro Silva é o mestre de cerimônias e intérprete do cantor Wilson Simonal, contando histórias da vida dele entre as canções. Abaixo você encontra um perfil sobre os trabalhos do ator.

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Você ficou no ar por quatro anos em Malhação, qual a importância da novela na sua carreira?

IS – “Malhação” me levou às casas de um público que eu não esperava ter, de jovens a idosos. Com as mídias sociais engatinhando e a TV aberta ainda como opção principal de entretenimento, nossa audiência era absurda. Até hoje, 13 anos depois da minha estreia na novela, sou reconhecido na rua pelo Rafa, quase diariamente. Acho muito bonito ver o carinho que as pessoas têm por esse personagem, mas já não tenho conexão com aquela história.

Fazer o mesmo programa por tanto tempo me fez aprender muito, crescer profissional e pessoalmente e, principalmente, entender o que eu queria e quero da minha carreira.

O que te levou a fazer televisão? Como você lida com a fama e o assédio dos fãs?

IS – Foi um processo natural. Aos 10 anos de idade eu já havia publicado dois livros, estava incontestavelmente no trilho da carreira artística e ouvia de uns e de outros que devia tentar publicidade. Minha mãe decidiu seguir o conselho e levou uma foto minha, daquelas de colégio, para a O2, produtora paulistana. Algum tempo depois começaram a me chamar para fazer figuração e nesse mesmo ano passei no teste para minha primeira novela, “Meu Pé de Laranja Lima”, na Bandeirantes. Tudo o que houve em seguida foi consequência do trabalho anterior. As coisas geralmente acontecem assim para mim. Um trabalho traz outro. Foram mais duas novelas, um seriado e um programa como apresentador até o teste para “Malhação”, em 2003, quando eu tinha 16 anos.

Não posso dizer que sou muito assediado ou que acredito em “fãs”. Quando penso que qualquer pessoa com abdome trincado no instagram pode ter uma legião de fãs, prefiro acreditar que cultivo admiradores, colaboradores, entusiastas e parceiros do meu trabalho. É incrível quando alguém me reconhece e vem conversar comigo, olhando nos meus olhos, sem imediatamente pedir uma “selfie”, risos. A imagem midiática que se cria sobre os artistas muitas vezes acaba por desconecta-los do seu público.

São muitos personagens seja na tv, no cinema ou no teatro. Tem alguma preferência? E o processo de construção e desconstrução deles é diferente?

IS – Minha grande alegria é a possibilidade de reinvenção que o ofício artístico traz. Cada personagem é alguém com quem vivo uma história de amor. Por ser teatro, palco, set, ação a intensidade dessas histórias me consome. Acho isso belo. Essa chance de poder viver uma vida inteira em algumas horas ou no máximo em alguns meses, no caso da teledramaturgia, é rara e por ela sou grato. Por cada um dos meus personagens. E cada um deles surge e se constrói à própria maneira. Até posso dizer que tenho método, mas gosto de identificar cada processo e deixar que as coisas fluam também a partir daquela dramaturgia específica, daquele diretor e de todo o contexto. Quanto à “desconstruir”, por mais que eu deixe para trás o que foi vivido, sempre vai ficar algo de um personagem, possivelmente para ser usado no próximo, como um bastão a ser passado.

Você se identifica com os personagens que interpreta?

IS – Pode ser que não haja identificação imediata, mas sempre há de se achar um ponto de intersecção entre o ator e o personagem. É geralmente a partir desse encontro que se dá a ação real, aquela “verdade” tão prazerosa de se encontrar.

“Nada do que é humano nos é indiferente”. Não sei o autor dessa frase, mas é disso que se trata ser ator.

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Você está atualmente em cartaz com “Show em Simonal”, é uma responsabilidade enorme. Qual a sua ligação com a história dele? Como foi o processo de transformação?

IS – Eu não tinha a menor ligação com Simonal até descobrir que haveria um musical. Embora conhecesse algumas músicas, como “Vesti Azul” e “Sá Marina”, só fui saber de sua história e conhecer melhor a obra dele ao iniciar minha pesquisa, ainda para fazer a audição. Acabei descobrindo que existem muitos pontos em comum entre nós, principalmente em relação ao que é ser negro, jovem e artista no Brasil.

Uma vez que essa história já tinha me tomado, o processo foi fluido. Tive grande ajuda do Pedro Brício, nosso diretor, para descobrir as camadas do Simonal, tanto em “Simbora” quanto agora, no “Show em Simonal”, que é um spin off do primeiro musical, adaptado e dirigido pelo Pedro.

Você tem uma experiencia rica em musicais, qual é a importância da música na sua vida?

IS – Tenho uma relação interessante com a música, porque passo uma boa parte do tempo em silêncio. Agora mesmo estou aqui sentado em minha sala, sozinho e em completo silêncio. Minha cabeça já é suficientemente hiperativa, por isso o silêncio me acalma. E, nesse sentido, a música é passaporte, convite, teletransporte! Ouvir música para mim é realmente especial. É a possibilidade de inventar um novo ambiente, como se alguém pintasse e decorasse a vida a partir do som. Os musicais me trouxeram apuro técnico, aprimoraram meu senso de coletivo e me abriram possibilidades variadas para minha carreira. Cantar no palco é uma das coisas mais poderosas que tenho o privilégio de fazer.

Além de ator, você também está dirigindo teatro, agora. “É a peça ‘Primeiro Sinal’, um espetáculo jovem sobre amor, desencontros e teatro. Uma experiencia totalmente nova. Como é assumir essa nova posição?

IS – Não posso dizer que sou diretor ou que “estou dirigindo” profissionalmente. Ainda tenho um longo caminho de aprendizado e experiência, que não temo trilhar. “Primeiro Sinal” me mostrou que é possível idealizar, organizar e finalizar uma obra com simplicidade, carinho e firmeza. O Igor Cosso, autor e ator da peça me apresentou o texto e eu achei um barato, vi que havia a chance de se comunicar com os jovens de maneira respeitosa, olhando na mesma altura, sem essa “problematização” que se cria sobre a adolescência. Foi uma experiência bonita, espero poder dirigir novamente em breve.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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