- Publicidade -

Livro O Reino Selvagem

Publicado em:

o-reino-selvagem Drue é uma garota de 12 anos que mora com seu pai Quinn e seu gato e melhor amigo, Will-C. Certo dia, os animais decidem que todos os males causados pelos humanos à natureza só serão resolvidos com a extinção completa da raça humana. A partir dai, nimais domésticos tem que escolher entre aceitar a decisão de suas espécies ou se aliar ao seus donos. Drue e Will-C têm então que se reencontrar e juntos enfrentar a maior batalha de todos os tempos.

A premissa do livro já é difícil de se aceitar, quer dizer, animais teriam alguma chance contra os humanos que produzem armas de destruição em massa por centenas de anos? Porém, em nome da ficção, deixa-se passar esse ponto e aceitamos que o elemento surpresa foi de fato decisivo para a destruição quase que completa da raça humana, principalmente em um local supostamente tão pacífico quanto Brighton, na Inglaterra.

O autor, então, faz tanta questão de deixar claro a cada parágrafo que os humanos protagonistas da história, em especial, são amigáveis com a natureza, que a forçação de barra se torna impossível de digerir. É tanta explicação que falta fluidez. Quinn Beltane, o pai de Drue, tem um carro que funciona a “biodiesel caseiro com cheiro de pipoca”, mas nenhum dos dois é vegano. Ele sempre fez questão que a filha utilizasse o celular somente quando necessário, mas a garota não o ouve e possui tecnologias em seu quarto que definitivamente não foram particularmente produzidas em prol do planeta.

A partir disso, a história passa por uma crise de identidade, toda essa “eco-friendliness” e o fato de eles terem sobrevivido ao apocalipse animal só pode ter uma explicação cabível: eles são metamorfos, descendentes Nsray. Parece que a editora forçou o escritor a incluir tal misticidade para que o livro finalmente fosse produzido e vendesse mais do que uma simples história de humanos amigos do meio-ambiente contra animais selvagens enraivecidos. Contudo, quando a protagonista pergunta ao pai sobre suas capacidades em se transformar em animais, há tantos furos na linha de pensamento que fica claro que a editora não teve o cuidado de analisar cada um ponto-a-ponto.

Por exemplo, o fato de que o pai não pode se transformar em um velociraptor e sua explicação é que somente os seres animais vivos são uma opção. A questão é: se ele possui nesse dom acesso ao DNA de todos os bichos, porque não os extintos também? Se amanhã os pandas forem extintos, o DNA simplesmente some? Nenhum Nsray se lembra da combinação de macetes mentais que os transformavam há apenas alguns instantes em um urso?

Enfim, a história avança em um ritmo adequado: tão rápido quanto necessário se tratando de uma guerra. Drue finalmente se reencontra com seu adorado gato Will-C, que faz parte do grupo de animais chamados resignados, apoiadores de seus donos e da raça humana, mas Quinn fica extremamente machucado na batalha que a levou até ele. Conhecemos então a história do gato antes de ser adotado, e acompanhamos simultaneamente ao ponto de vista de Drue, o de seu companheiro felino.

O encontro é encurtado quando a garota é informada que precisa encontrar o “homem-leão” para ajudar seu pai a se curar. Ela parte então em uma viagem internacional, encontra com algumas crianças presas em um navio sem a possibilidade de fugir, a quem promete retornar e proteger. Quando Drue chega a seu destino, se encontra com outros metamorfos, que juntos decidem partir para um lugar mais seguro. Ela também conhece mais sobre a história do pai e os poderes da mãe, que não era uma simples humana, através de Liliuk, a “comandante” Nsray.

A jornada de Drue até o local seguro torna-se uma busca pela sobrevivência. Enquanto isso, Will-C cansou de esperar sua dona retornar e parte em sua procura ao lado de velhos e novos amigos em meio as adversidades. O livro termina em um gancho que demonstra planos de serem escritos não só uma continuação, como uma série não tão épica quanto soa.

No todo, o livro não faz o que promete na contracapa: emocionar, alertar e inspirar, e é difícil até dizer que a editora coloque fé (e dinheiro) em uma continuação. Os personagens foram bem construídos, mas faltou uma fluidez maior na trama e a humanização dos seres, sejam eles metamorfos Nsray ou animais selvagens e domésticos.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
3.870 Seguidores
Seguir
- Publicidade -