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Volume Morto é uma verdadeira imersão no tempo

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A peça “Volume Morto” traz dois performers que propõem enxergar a sociedade e suas violências através de uma subjetiva escassez hídrica. Não é um proposta pouco complexa, é uma enfrentamento crítico e sofisticado de realidades que têm interpretações diversas habitualmente, mas se pesarmos bem, a água é mesmo a base da vida e nela deve estar a resposta para muitas coisas.

Através de códigos táteis – a sensibilidade do parceiro, das texturas e do ambiente ao redor –, de partituras corporais bem pensadas e de uma trilha sonora telúrica – tendente à evocação da ancestralidade humana –, a existência coletiva é posta em análise. É exemplar de teatro pós-dramático de Teatro, onde o desapego à forma e o não óbvio imperam. Assim, são levantadas a questão étnica, da miscigenação e da cultura da cor da pele; a violência urbana; a valorização das questões brasileiras e a questão ambiental. Tudo, pontuado por fragmentos textuais autônomos, indagações diretas ao público e denúncia.

Volume morto é a parte do reservatório de água, mais próxima ao solo: a ação humana contribui não só para secar o reservatório, mas também para a desertificação da alma, em um país onde as desigualdades proliferam, apesar das riquezas abundantes. Como explorar os potenciais que temos sem exaurir nossas fontes, como não deixar de ser gente? Ilustrações através de objetos cênico inusitados dão conta de mapear esse universo de misoginia. O espetáculo nasceu nas ruas e, após nove anos de apresentações em espaços públicos, o coletivo “Liquida Ação” apresenta um trabalho maduro e que põe a vida sob o microscópio.

Com respaldos na biologia, na antropologia e na sociologia, as performances de Maurício Lima e Thaís Chilinque, com a direção artística de Eloisa Brantes – em uma cocriação dos três anteriores – compõem verdadeira imersão em um tempo e em um espaço raramente explorados com tais ferramentas de abstração e tal criatividade. A questão não é só entender uma emergência, mas senti-la; mergulhar na falta de alguma coisa. Se você curte ir ao teatro para mais do que um simples alívio cômico, essa pode ser uma ótima opção.

SERVIÇO:
Teatro Volume morto
Temporada: De 20 de outubro a 6 de novembro de 2016
Horário: de quinta a sábado às 19h e domingos às 18h
Local: Sala Multiuso do Sesc Copacabana (Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
Ingressos: R$ 5 (associado do Sesc), R$ 10 (meia), R$ 20 (inteira)
Bilheteria: aberta de terça a domingo, sendo de terça a sábado das 13h às 21h e domingos das 13h às 20h.
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos
Lotação: 53 lugares

Felipe Mury
Felipe Mury
Felipe Mury é ator formado pela Casa de Artes de Laranjeiras e bacharel em Direito pela UFRJ. Amante das Artes Cênicas, especializou seu olhar em relação ao Teatro, sendo uma ficcionado por Shakespeare e Brecht.

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