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Diretor de “Tamo Junto”, Matheus Souza fala sobre a sua carreira

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Conhecer o seu público pode ser uma das principais vantagens de um grande escritor, assim armado de uma vida de referências a séries, filmes, games e música, o diretor e roteirista Matheus Souza (Apenas o Fim) retorna aos cinemas com a comédia Tamo Junto que conta a história de Felipe que ao terminar um namoro de anos para curtir a vida, mas acaba descobrindo que a vida de solteiro é mais dura do que ele esperava. Confira abaixo a entrevista com o diretor:

O cinema nacional tem muito destaque no público com as comédias da chamada “neochanchadas” e pelo que parece você em “Tamo Junto” abraçou com mais força o humor que já cercava as suas obras anteriores. Qual você acha que é o diferencial do filme?

Matheus Souza – A comédia no cinema nacional virou um negócio. Custa muito dinheiro e rende muito dinheiro. “Tamo Junto” foi gravado com pouquíssimo dinheiro, sem lei de incentivo, sem patrocínio. Ou seja, é uma comédia livre de qualquer outro interesse além de fazer rir. Uma comédia sem censura, onde tudo era possível. O diferencial é esse, tem piadas de todos os tipos, o tempo todo, coisas que você nunca imaginou ver no cinema nacional.

Uns dos grandes destaques dos seus filmes sempre são os seus roteiros e a forma natural a qual você aborda situações corriqueiras. Tal como Woody Allen e Richard Linklater você descreve com muita paixão o cotidiano, você se vê dirigindo e escrevendo uma obra mais voltada para a ficção?

Matheus Souza – Eu não vejo sentido em escrever algo que não seja identificável para o espectador. Mas isso não tem a ver necessariamente com o gênero da obra. Eu, por exemplo, super me identifico com o Harry Potter e o Homem-Aranha. Eu sou apaixonado por personagens humanos e identificáveis, sempre corro atrás disso. São personagens assim que mudaram a minha vida quando eu era mais novo e eu espero poder fazer o mesmo pelos jovens de hoje. Personagens identificáveis nos fazem sentir menos sozinhos no mundo.

A busca pelo autoconhecimento é um tema recorrente nos seus filmes. Você acha que o seu amadurecimento reflete nos questionamentos que os seus personagens vivem?

Matheus Souza – Sim, acho que ainda estou descobrindo quem eu sou como pessoa e como artista, aprendendo ainda. E isso se reflete nos personagens, claro. Eles estão sempre se sentindo perdidos, como eu. “Tamo Junto” é sobre quatro personagens jovens tentando se entender. E a “lição” é que a gente não precisa se entender, todo mundo tá meio perdido também, “Tamo Junto”.

Você naturalmente conversa muito com o público jovem, em especial com a geração dos anos 90 e 2000. Qual é a maior dificuldade de conversar com esse público e de conseguir levar eles ao cinema para assistir a uma obra nacional?

Matheus Souza – A grande dificuldade é que existe muita coisa ruim sendo produzida para jovens no Brasil, geralmente desenvolvida por pessoas mais velhas que não entendem o que é ser hoje no mundo pós-internet. Tudo fica com uma cara de “tiozão”. Só um jovem pode falar com propriedade sobre um jovem hoje. Não à toa os canais de Youtube fazem tanto sucesso, é a comunicação direta e identificável. O grande desafio é conseguir superar essa desconfiança e provar que é possível fazer entretenimento jovem de qualidade também no cinema. E isso é necessário, urgente. Se o jovem de hoje não se envolver com o cinema como as gerações anteriores de envolviam, qual é o futuro do cinema?

O filme é bem divertido, tem um roteiro legal com bastante sacadas pra cultura pop e com questionamentos dos jovens. Tudo que é marca do seu trabalho. Como é o seu processo criativo?

Matheus Souza – Boa parte do meu processo consiste em chorar no banho gritando pra mim mesmo “eu sou uma farsa, eu sou uma farsa” ouvindo Katy Perry.

Quando finalmente veremos Não Deixe a Júlia Ir Embora? (antigo projeto finalizado em rotoscopia e que nunca foi lançado)

Matheus Souza – Esse filme virou o meu Boyhood. Transformei ele em outro projeto que é um filme dentro de um filme dentro de outro filme. E vou gravar o que falta ao longo de alguns anos, sem pressa. Qualquer dia ele nasce!

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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