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“Castelo de Areia” foge da glamourização da guerra sem vínculo ideológico

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“Castelo de Areia” é mais uma produção original da Netflix, lançada em 21 de abril e dirigida pelo brasileiro Fernando Coimbra, que não está em sua primeira empreitada no serviço de streaming. Ele já fora o diretor de dois episódios de Narcos, a convite de José Padilha. O filme conta a história de Matt Ocre, interpretado por Nicholas Hoult, um soldado que deixa claro que a guerra no Iraque não é o seu lugar. Dias antes de retornar aos EUA, Ocre é enviado com seu pelotão para a cidade de Baqubah, onde devem assegurar a reconstrução de uma estação de abastecimento de água, destruída por um bombardeio americano. Os soldados têm de lidar com a pouca cooperação da população local além das investidas das milícias resistentes à permanência americana em seu país.

A introdução que Coimbra elaborou para “Castelo de Areia” pode ser elencada como um de seus méritos nessa produção: Ocre quebra a própria mão na porta de um veículo, na esperança de ser dispensado do exército. A cena, aliada à sua locução já ilustra claramente o personagem de Hoult como alguém que não quer estar ali e, nesse momento, é possível criar uma conexão com ele. Infelizmente, essa conexão logo é perdida pois o desenvolvimento dos personagens é sobreposto a cenas de guerra que já foram melhor executadas em inúmeros outros filmes. Perde-se assim uma premissa riquíssima: um soldado inexperiente, sem vínculo ideológico com a guerra, sem desfilar o típico patriotismo americano, mas obrigado a lidar com uma última e perigosa missão antes da tão esperada volta para casa. Essa ideia poderia ainda ser potencializada se houvesse um enfoque numa possível dialética entre Ocre e o capitão Syverson, interpretado por Henry Cavill, um homem nitidamente endurecido pela guerra, com vocação para o combate.

Ok, a ideia do diretor Fernando Coimbra foi contar a história de um soldado que não é necessariamente um herói, fugindo da glamourização da guerra. Segundo ele mesmo, “Castelo de Areia” não é um filme de guerra, é uma história que se passa durante uma guerra. É inegável que o objetivo foi alcançado, mas isso não garantiu que o produto final fosse um sucesso propriamente dito. O caminho para isso talvez fosse aprofundar mais os conflitos ideológicos entre soldados e civis, ou entre os próprios soldados, diante de suas respectivas motivações pessoais ou a falta delas. Tudo isso e a forma brutal como a vida de civis é impactada pelos conflitos são aspectos explorados com eficácia em diversos outros filmes como “Guerra ao Terror”, “A Hora Mais Escura”, “No Vale das Sombras” ou “Soldado Anônimo”.

Mas não podemos negar a significância de se ter um diretor brasileiro no comando de uma produção da Netflix (que está investindo cada vez mais em conteúdo original), dirigindo atores de destaque: Coimbra tem em seu elenco ninguém menos que o Fera dos X-Men (Nicholas Hout) e o Superman em carne e osso (Henry Cavill)! Apesar de não ser ótimo, “Castelo de Areia” é extremamente relevante para a representatividade nosso país no cenário do cinema como um todo. Os amantes de dramas de guerra, não terão duas horas de seu dia perdidos em vão. É só deixar as exigências de lado ter em mente que o gênero é melhor representado pelos outros filmes aqui citados.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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