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“Coisas invisíveis” aborda o despertar da afetividade em um estilo pós-dramático

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Está em cartaz no teatro Eva Herz, dentro da livraria Cultura (antigo Cine Vitória, no centro da cidade), o espetáculo “Coisas Invisíveis” com  texto de Gustavo Naves Franco e direção de Anderson Aníbal.

Falamos de um texto muito bem cuidado e inteligente onde impera a máxima significação por meio da simplicidade. Não há soluções cênicas mirabolantes, linguagem ou estética exageradas. Tudo parece obedecer à ordem do singelo e da pureza.

O tema pode ser, a grosso modo, resumido no despertar da afetividade, no descobrir das relações, dos sentimentos e de tudo mais que seja emotivo. Tanto no texto como na direção e na atuação dos jovens talentosos intérpretes, foi feita a opção pela sutileza e pelo que é agradável e, até, doce.

A trama – em estilo pós-dramático, sem personagens ou sequência narrativa rigidamente definidos – aborda a diversidade de emoções, a ambivalência de comportamentos e faz uma indagação acerca do que possa ser realmente relevante para a humanidade que nos habita. Qual é afinal o alimento da alma?

Uma menina que se apaixona por um rapaz, que se apaixona por todos e todos estão em estado de elevação, apaixonados pela vida. O espetáculo pressupõe uma pergunta, em face da multiplicidade de personas que encarnamos todos os dias: somos um, somos dois, somos quantos?

Ainda, em última análise do sentido comunicado ao interlocutor, devemos dar importância ao que realmente importa, mesmo que não seja algo óbvio ou até mesmo concreto, visível.

As narrativas levam em conta, sobretudo, a exaltação do encontro, do toque e todos os elementos de composição da peça respondem muito acuradamente à necessidade de envolver o público em uma aura de conforto, acolhimento, aceitação e alteridade. Tudo é feito com muita leveza. Inclusive, a trilha sonora é feita ao vivo por dois artistas muito hábeis, que traduzem musicalmente os humores percorridos pelos atores.

Cada ator ocupa, sem margem de erro, o seu lugar no espaço cênico. Seus trabalhos são valorizados por uma iluminação igualmente hermética. A peça merece ganhar maiores proporções: é digna de grandes temporadas e até de adaptação para outros veículos.

SERVIÇO
COISAS INVISÍVEIS
Local: Teatro Eva Herz (Cine Vitoria R. Sen. Dantas, 45 – 20031-202 – Centro)
Temporada: Até 20 mai 2017
qui, sex e sáb 19:00
Classificação indicativa: 12 anos
Lotação: 174 lugares

Foto: Verônica Pontes

Felipe Mury
Felipe Mury
Felipe Mury é ator formado pela Casa de Artes de Laranjeiras e bacharel em Direito pela UFRJ. Amante das Artes Cênicas, especializou seu olhar em relação ao Teatro, sendo uma ficcionado por Shakespeare e Brecht.

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