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“O cidadão ilustre” de Gastón Duprat chega aos cinemas

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Independente da realidade, muitas pessoas acabam sentindo um desejo natural de abandonar o espaço conhecido e se aventurar pelo mundo. Essa ação é considerada quase um rito de passagem da juventude para a idade adulta, aprendendo a conhecer o mundo e andar com suas próprias pernas.

A premissa do filme segue justamente essa ideia de “ abandonar o ninho”, quando o famoso autor Daniel Montovani (Oscar Martinez) recebe um convite da prefeitura da sua pequena cidade natal para receber uma honraria. Entretanto sua presença causará abalos intensos até demais na comodidade do vilarejo.

O roteiro em si é claro e direto, assim como a historia e os personagens. O modelo seguido é o velho “ bom filho a casa torna” ao mesmo tempo em que é colocada em cheque o famoso bucolismo das cidades pequenas. Para o protagonista sua cidade natal é vista como uma prisão de ignorância, aonde os habitantes refazem os mesmos costumes sem jamais mudarem e essa visão acaba coincidindo no trabalho literário do protagonista, em que sua cidade e habitantes são retratados de forma negativa.

Oscar Martinez entrega um ótimo trabalho na pele do personagem principal, sua atuação é carregada de remorso, em parte pelo personagem se sentir sem mais objetivos como profissional e em parte pela cidade o oprimir, e até em momentos cômicos ele não desfaz tal expressão. A caracterização que o ator cria de alguém neutro no que se refere a tudo é bem interessante também, pois todas as interações do protagonista com os personagens na cidade são pautadas por essa “ neutralidade” e quando ele finalmente explode de raiva, o espectador sente muito mais facilmente o impacto dessa mudança de comportamento.

Entretanto os outros personagens não compartilham dessa mesma versatilidade, muitos deles são unidimensionais ou pouco utilizados. Não raramente o filme passará a impressão de que tal personagem terá um momento para brilhar mas esse momento nunca chega, o destino de outros personagens também fica em aberto por desatenção do roteiro e a solução para determinados problemas nunca é dada. Outro defeito são os cortes mau feitos, principalmente quando uma cena em uma nova locação está rodando e subitamente ela termina e se inicia outra, no final todo aquele take perde o significado com o corte mau utilizado.

Por fim, “O Cidadão ilustre” é um filme com uma boa história e com um bom protagonista, mas que sofre com a falta de cuidado nas camadas inferiores do roteiro.

Oscar Martinez entrega uma atuação divertida e convincente de um homem amargo e a atmosfera frustrante que os diretores Gastón Duprat e Mariano Cohn criam da pequena cidade e de seus habitantes funciona. No entanto, a edição final prejudica a narrativa no que concerne a possíveis melhores desenvolvimentos de personagens.

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