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“Introdução à Música do Sangue” traz um mundo rural distorcido em sua moralidade

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Chega às grandes telas, o filme “Introdução à Música do Sangue” dirigido por Luiz Carlos Lacerda. O filme é permeado por bucolismo, mostra um Brasil que não sabíamos nem mais que existia, uma Minas Gerais rural, onde o cansaço da alma encontra a inércia do campo e a indiferença da natureza.

A história dá-se em outro tempo, completamente diferente das narrativas habituais do cinema comercial. O que parece ser uma exploração da face poética de algumas cenas na verdade dá lugar ao sinistro, e a trama praticamente toda alterna-se entre a singeleza e o suspense.

A atuação de Ney Latorraca é digna de menção, por ser um trabalho de um grande ator, porém ão é seu melhor trabalho. Ney carrega muito de sua bagagem de voz para sua personagem, apesar de ter conseguido desvencilhar-se dela quanto à caracterização e aos modos, em um primeiro olhar da figura composta da personagem.

Já Bete Mendes, igualmente destacável, desenvolve uma personagem de semblante ameno, mas com inquietações que a levam ao confronto cotidiano com Uriel, a personagem de Ney. Armando Babaioff e Greta Antoine performam os jovens inocentes, ou nem tanto, dentro de uma trama complexa e trágica.

É um filme que privilegia o trabalho do diretor. Muitas tomadas prolongadas, música em cima de gestos e movimentos esgarçados dos atores, que são bastante explorados como material fílmico. Luiz Carlos Lacerda ousa ao propor uma visão tão excêntrica e tão trivial ao mesmo tempo, por motivos distintos. É excêntrico porque apresenta um mundo rural distorcido em sua moralidade, e é trivial porque o retrato, ambientação e caracterização são fieis e transmitem certa paz, ou calmaria – que é quebrada eventualmente.

O filme vai no compasso de uma melodia calma, que de repente assusta, mas que volta à ordinariedade tão logo.

Felipe Mury
Felipe Mury
Felipe Mury é ator formado pela Casa de Artes de Laranjeiras e bacharel em Direito pela UFRJ. Amante das Artes Cênicas, especializou seu olhar em relação ao Teatro, sendo uma ficcionado por Shakespeare e Brecht.

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