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Tal Mãe, Tal Filha apresenta roteiro fraco, além de faltar naturalidade

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“Você vai assim?”, “Você não é todo mundo!”, “Bota um casaco, tá frio lá fora!”; essas  são típicas frases de mãe. Mas na casa de Avril e Mado nada é como a família tradicional, muito menos quem dá bronca em quem. Em Tal Mãe, Tal Filha, Avril (Camille Cottin) é uma mulher de 30 anos bem sucedida, já sua mãe Mado (Juliette Binoche) não é exatamente um exemplo o qual a filha seguiu, já que a teve com 17 anos, e mora com a filha desde que se divorciou. Apesar do difícil relacionamento, elas se apoiavam mutuamente, até que Mado fica grávida dois meses depois de Avril, e agora as duas têm que dividir um apartamento e muita paciência.

Apesar da mistura de papéis familiares, as duas mulheres da casa se amam muito, mesmo não se dando bem no dia-a-dia. A filha sente que perdeu o holofote que há tanto tempo desejava, quando a mãe ficou também grávida. Mado, super dependente da filha, se sente culpada por fazê-la se sentir assim, mas não quer desistir do bebê cujo pai é Marc (Lambert Wilson), ex-marido dela e pai legítimo de Avril. O filme segue então esse recorte no tempo de uma peculiar situação.

O humor francês seja diferente do brasileiro, mas é difícil dizer se até mesmo na França a história de Tal mãe, Tal Filha faz alguém rir. Com um roteiro fraco, e uma narrativa abruptamente acelerada ao fim, não há tempo de a história se desenrolar, ou das piadas atingirem o público. Nada vem naturalmente neste longa que tenta se aproximar do americano O Pai da Noiva 2, mas falha miseravelmente.

Por outro lado, se como comédia, a trama não tem sucesso, há algum valor no progresso pessoal de ambas protagonistas. Avril desenvolveu, em seus anos de convivência, uma defesa natural contra a liberdade, e descobre o que queria ter herdado da mãe: uma vida sem medo. Enquanto Mado, que simplesmente nunca olhou para trás e parou para refletir sobre seus atos, vê na filha algo que aprecia, a necessidade de ser “normal”, e a natureza frágil de qualquer ser humano.

Se a gravidez as fez perceber isso, culpem os hormônios, mas a culpada realmente é a diretora Noéme Saglio. Outro fato que incomoda é a falta de evolução na carreira das duas. Avril trabalha desenvolvendo aromatizantes, e apesar de recorrer a química para tentar produzir melhores produtos é demitida. Mesmo com um discurso motivador de seu pai, não há conquista nesse quesito, e até Mado permanece a dependente mulher do século XXI que sempre foi.

Ainda assim, existe uma lição de vida que pode ser retirada do filme. O questionamento recorrente durante o filme é se a gravidez é um acidente ou uma aventura, e a beleza da descoberta é uma jornada interessante. Mesmo que os risos sejam raros, Tal Mãe, Tal Filha tem um apelo a um público bastante específico, que se identifique com algumas das personagens ou com a história da gravidez simultânea. Certamente é mais fácil encontrar alguém que se identifique com o primeiro do que com o último, mas a leveza das personagens é também uma qualidade que torna esta produção, um quase clássico da sessão da tarde francesa.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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