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Uma família dilacerada pela guerra e pelo impasse entre dois irmãos

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Por Rafaelo Salles:

Após 14 anos, o ex-fuzileiro naval Tommy Conlon (Tom Hardy) retorna à sua cidade natal para se preparar para um grande torneio de MMA, tendo seu pai como treinador. Equanto isso, Brendan (Joel Edgerton), irmão de Tommy, se vê diante do dilema de ter que retornar à sua vida de lutador, pois o prêmio do mesmo torneio pode salvar sua família da falência financeira.

Capitaneado pelo diretor Gavin O`Connor, Guerreiro traz um excelente balanço entre sequências de luta brutais e o drama de uma família despedaçada, tendo como fio condutor, a tensão entre dois irmãos que escolheram caminhos bem diferentes em suas vidas. A premissa é previsível, pois dramas pessoais aliados e superações através do esporte já foram retratadas em filmes por incontáveis vezes. Mas quem disse que isso precisa ser um ponto negativo? Qualquer previsibilidade se torna irrelevante diante da ação que o MMA proporciona sob a batuta de O`Connor e da densidade dos irmãos Conlon, personagens muito bem apresentados e desenvolvidos.

De um lado, temos Brendan Conlon, o irmão mais velho, um ex-lutador de carreira que agora ganha a vida como professor de física. Brendan é um homem ponderado e contido, tentando idealizar como prover à sua família o que ela precisa. Do outro lado está Tommy, o filho pródigo, um homem que carrega dentro de si mágoas do passado e as cicatrizes da guerra do Iraque. É interessante notar que as personalidades de cada um dos personagens se traduzem em seus estilos de luta. Enquanto Brendan se mostra um lutador mais técnico, utilizando sua força de vontade e resistência para finalizar seus oponentes, Tommy é como uma fera enjaulada, pura ferocidade e força pronta para explodir.

Que os dois estarão em rota de colisão desde o início não é novidade. Mas o que marca a direção de Gavin O`Connor em Guerreiro – e que destaca o filme de outras produções sobre esporte – é a exploração dessa dualidade. Não se trata de um determinado lutador, mas sim, do caminho trilhados por ambos, das suas construções e motivações, dividindo o ‘storytelling’ e a simpatia do espectador.

Aliás, em termos de simpatia, fica mais fácil se relacionar com o personagem de Joel Edgerton, um típico ‘nice guy’, um professor admirado por seus alunos, um pai que fica acordado até tarde, cuidando de sua filha. Nas mãos de um ator menos qualificado, muitas de suas cenas seriam piegas, mas Edgerton tem carisma suficiente para faze-las funcionar a seu favor. Em contrapartida, Hardy usa seu talento para entregar um homem denso, oriundo de um passado obscuro, demonstrando pouca ou nenhuma empatia pelas pessoas que estão à sua volta, um poço de ressentimento. Mas vê-lo em ação, colocando toda essa emoção reprimida em movimentos brutais é, definitivamente, empolgante.

A essa altura você já deve ter imaginado que, em algum ponto desse torneio, os irmãos vão se enfrentar, né? Ok, isso acontece, mas tão importante quanto esse embate em si, é o caminho que Guerreiro nos faz percorrer até esse clímax. Trata-se de um filme muito bem montado, equilibrando ótimas sequências de ação com toda a carga dramática e emocional que se espera diante da história de uma família dilacerada.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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