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Drama francês, O melhor professor da minha vida, estreia nos cinemas

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Por Pedro Marques

François Foucault ( Denis Podalydès) é professor de literatura em uma nova escola, tendo de lidar com as dificuldades que a profissão exige, onde apesar de sua alta formação acadêmica, terá de lidar com a difícil tarefa de dar aulas para alunos ‘’pouco compenetrados’’.

À princípio nos parece um filme como muitos outros, onde o professor acaba por mostrar ao seu aluno o valor que este possui, e o aluno por fazer dele O melhor professor de sua vida, relembrando o clássico Ao mestre com carinho, ou o genial Sociedade dos poetas mortos.

Com uma velha história de superação, onde o mestre seria aquele que leva a “luz aos alunos’’, a trama se perde por ter em mãos um personagem de pouca atitude, pouco conhecedor daquela realidade que seus alunos estão inseridos, em uma escola opressora com quase nenhum fundamento político.

O ‘’aluno problema’’ é Seydou (Abdoulaye Diallo), um adolescente pobre, negro, com um gênio tempestuoso, inserido em uma escola pública de professores preconceituosos e elitistas, que não se adequá ao modelo que seu professor está oferecendo. Com uma turma pouco “disciplinada”, surge a forma de François. Um gentil e ingênuo professor, cujo único propósito é ver como que pode despertar a curiosidade de seus alunos. O problema no desenrolar da trama é a relação que existe entre François e seus alunos, uma vez que ao tentar fazer parte da vida deles, não desperta carisma nenhum do público, e nem convence na aproximação que desenvolve, onde o respeito mútuo na relação professor aluno é substituída por um exagero do seu papel de autoridade, fazer prevalecer sua lei, para ganhar no máximo um “coleguismo’’ que não nos diz nada.

Apesar do sobrenome ”Foucault”, parece que François conhece muito pouco a respeito do poder disciplinar, e muitas vezes adota uma conduta discutível como professor, onde diversas vezes perde a cabeça com seus alunos, não possui muito equilíbrio e lida de forma autoritária com els. Em uma certa cena, para conseguir o respeito da classe, debocha diretamente da mãe de seu aluno, que obviamente fica ofendido. Ao contrário de descobrir uma nova didática capaz de motivar, o filme caminha para um drama pouco convincente, colegas de profissão pouco preparados, onde é claramente perceptível a intenção de nomear os ”bad boys” do filme, e o ”freak” da sala de aula, frente a um ingênuo professor que não sabe mais o que fazer. O clímax é fraco e reforça a realidade burguesa de ensino, onde o título de O melhor professor da minha vida faz o espectador se questionar da seriedade desse nome.

O desfecho é complexo e pouco realista, pois apesar das dificuldades em suas vidas particulares, que seus alunos levam, parece que o professor, aquele que está à frente na sala de aula, não é motor pensante, e a realização do seu propósito se dá por simples acaso. Em momento nenhum fica clara a ‘’estratégia’’ que usará em sala, ou uma preocupação real e efetiva transformada em atitude, pelo contrário, se faz um doutrinador extremamente passivo perante as adversidades, que conseguiu conquistar, por meio de algumas lições interessantes, a confiança da sala de aula.

Abdoulaye Diallo consegue no papel do jovem Seydou, ser carismático, dinâmico, com um temperamento forte de quem sabe o que quer, com diálogos e reflexões interessantes a respeito do mundo a seu redor, e isso inclui educação, amor, sexo e drogas. Com todos os pensamentos reais que a adolescência traz consigo, vê em seu professor um certo amparo, que não é justificado, visto que seus métodos e atitudes são fracas. É interessante, do ponto de vista de Seydou, ver como que o mecanismo da escola funciona, e ao invés de perceber do porquê dele não se inserir, perceber como que aquela realidade está sendo violenta e pouco interessante ao jovem. Um ponto de vista que partisse de Seydou, sem essa necessidade de demonstrar a ingenuidade e à ocasional relação que os dois desenvolvem, teria feito do filme um retrato mais motivador. Se a intenção foi ser fiel à realidade, o fez com um personagem que não convence no papel principal.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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