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“A Praia do Mel” estreia na Fundição Progresso, na Lapa

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O espetáculo teatral “A Praia do Mel”, poderia se passar em qualquer metrópole do mundo, mas é, especificamente, na cidade do Rio de Janeiro que ela se desenvolve. Escrita pelo poeta e dramaturgo Felipe Bustamante, o texto é resultado de diversas situações que colidiram com o autor em andanças pela cidade vendendo seus zines de poesia. Assim, na dramaturgia, esse olhar poético sobre a vida é explorado a partir da perícia de “rueiro” que Felipe desenvolveu para garantir sua sobrevivência na grande cidade.

No centro da ação está o contraste entre dois lugares: a Praia de Copacabana e a Praia do Mel. O primeiro a “Utopia Urbana”, essa paisagem que ilustra telenovelas e povoa o imaginário que o gringo faz da nossa cultura. Uma praia encurralada por arranha-céus, ao mesmo tempo espaço de comunhão e segregação, de paz interior e extrema violência. Copacabana é uma espécie de sonho possível, é esse “o que tem pra hoje”. E a Praia do Mel é o seu contraponto hipotético, um lugar paradisíaco que ninguém sabe em qual cidade ou planeta se localiza. Uma espécie de reduto dos sonhos que os anos 60 projetaram sobre a humanidade (essa época que parece ter sido a última em que o mundo poderia ter mudado, de maneira fundamental, para melhor). Um lugar que os limites da cidade jamais poderão comportar.

A opção da direção de Jopa Moraes é deixar explicita a artificialidade do teatro como reconstrução da realidade. Uma dessas marcas é o som. Todos os ruídos, músicas e efeitos-sonoros são produzidos e controlados diretamente do palco pelo diretor musical Rodrigo Salvadoretti e pelo elenco. A execução desses efeitos, que nem de longe tem a textura cinematográfica e rica de efeitos pré-gravados comumente usados, gera precariedade. Mas também gera cumplicidade, entre os atores e entre palco e plateia. A ideia é que, ao jogar luz para o caráter fabricado da peça, seja possível perceber também a fabricação dos espaços que se habita na vida cotidiana.

Seis atores se desdobram em múltiplos personagens (Chris Igreja, Hikari Amada, Rodrigo Salvadoretti, Samuel Paes de Luna, Thiago Carvalho e Vitor Sampaio) e dão vida a esse local de muitos contrastes. Tomando emprestado de figuras historicamente ligadas à transgressão e à contracultura (Rimbaud, Dylan, Mário de Andrade) e de manifestações culturais típicas do nosso tempo (stand-up comedy, brega pop), o resultado é muito específico: uma loucura demasiadamente brasileira. O espetáculo A Praia do Mel leva essa loucura adiante. Acreditando que ela, de algum modo, irá nos ajudar a compreender porque continuamos conectados à cidade.

Sinopse: Espetáculo que tem cidade do Rio como referência explora a trajetória dos personagens que acreditam em suas próprias convicções e tentam dar significado para sua relação no espaço urbano. Nesse momento em que o Rio parece prestes a entrar em colapso (tanto no âmbito público como no privado), como produzir um retrato coerente do tempo e espaço em que vivemos?

SERVIÇO:
“A Praia do Mel”
Temporada: de 20 de novembro a 20 de dezembro
De segunda a quarta – sempre às 20:00
Local: Armazém Cia de Teatro – Centro Cultural – Fundição (Arcos da Lapa, 24 – Lapa – RJ)
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) R$ 20,00 (meia)
Lotação: 100 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Gênero: Comédia Dramática

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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