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Os Parças reúne comediantes de várias gerações, mas falha em fazer comédia

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Quando questionados sobre os maiores comediantes do cenário brasileiro, a resposta depende na faixa etária do público. As pessoas de uns tempos atrás podem citar Tom Cavalcante, enquanto os mais novos certamente pensarão em um youtuber como Whindersson Nunes. Em Os Parças essas duas gerações provocadoras de risada se encontram. O novo longa da Downtown Filmes conta a história de como quatro homens conseguiram fazer um casamento construído com tudo que se pode encontrar na Rua 25 de março, em São Paulo.

Chantageados e enganados por um ambicioso empresário, Toninho (Tom Cavalcante), Ray Van (Whindersson Nunes), Pilôra (Tirulips) e Romeu (Bruno de Luca) precisam organizar uma festa inesquecível de casamento sem nenhum dinheiro no bolso para Cíntia (Paloma Bernardi), a filha de Vacário (Taumaturgo Ferreira), o maior contrabandista da famosa Rua 25 de março. Com alguma boa vontade e dispostos a fazer qualquer coisa para seguir em frente com essa farsa, os quatro descobrem na aflição, a amizade verdadeira uns do outros.

Sem uma premissa convincente, o filme já desanda nos primeiros minutos. A cena de abertura que deveria dar o rumo para toda a trama, é uma sucessão de coincidências que o público tem que engolir para acompanhar o resto. As falas soam forçadas, e o roteiro é a maior falha do filme, que não se encaixa e não contém piadas que façam rir. Muitas são de cunho preconceituoso até, e relembram o porquê de alguns artistas terem conseguido se adaptar e ter sucesso na sociedade atual, enquanto outros não. Outro grande erro foi a direção, que é assinada por Halder Gomes, e também não contém nada de especial. Existem cortes abruptos e falhas na sincronização entre tomadas.

A presença de Tom Cavalcante é requisitada para realizar as mesmas peripécias de décadas atrás. Ele se veste de mulher, é o “malandro mulherengo” do grupo, e faz uma ótima imitação do cantor Fábio Jr. Whindersson e Tirulipa são a tentativa de alívio cômico do grupo, também se vestem de mulher e fazem piadas infantis. Por último, Bruno de Luca é o “inteligente”, apaixonado pela pessoa errada (o filme tenta fazer com que haja um triângulo amoroso, mas o romance é difícil de acreditar) e com piadas preconceituosas sobre cearenses (país de fato de origem dos outros três atores). Os personagens se complementam, mas não funcionam separadamente, e assim acabam se juntando sem realmente terem uma estrutura.

Além da tentativa geral de ser uma comédia, e do romance que claramente não funciona, há ainda uma cena em que o drama dos nordestinos que migram para São Paulo, humildemente procurando estabilidade de vida ou um emprego que pague algo, tenta ser colocado em pauta. No entanto, como o longa inteiro não é bom, o poema, até que bem proclamado pelos atores, acaba sendo visto como um estranho pedaço de quebra-cabeça que não se encaixa, e cai no esquecimento.

O que Os Parças realmente tenta ser, é uma versão brasileira de Se Beber, não Case. Apesar de ter um elenco que dá pro gasto (com dois expoentes da comédia antiga – Tom – e nova – Whindersson), tudo se perde para uma ideia fraca em um roteiro péssimo. O que deveria ser uma comédia padrão sobre um grupo de amigos que se ajuda em problemas e ainda tira boas risadas disso, acabou se tornando o estereótipo do filme de comédia brasileiro, que dá mal nome ao gênero.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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