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“Quando o galo cantar” retrata a realidade de doenças esquizofrênicas

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A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica conhecida pelos sintomas de ouvir e ver coisas que, na verdade, não existem. O novo longa da Elo Company conta história de Inácio, um esquizofrênico funcional. Quando o Galo cantar pela terceira vez, renegarás tua mãe é um filme de suspense brasileiro dirigido por Aaaron Salles Torres que desafia o público a escapar dos pensamentos invasivos do protagonista e indaga sobre o que é realidade ou imaginação do paciente.

O protagonista (interpretado por Fernando Alves Pinto) é porteiro em um prédio da Zona Sul carioca. Ele passa a ser o único provedor do sustento da família quando depois que seu pai, Guilherme (Tião Ribas D’Avila) adoece e falece, deixando o emprego de zelador vazio. A situação piora quando Inácio fica obcecado pelo vizinho Antônio (Lucas Malvacini), fazendo a relação com sua mãe Zaira (Catarina Abdala) ficar insustentável. A doença de Inácio deixa seu humor imprevisível e a autonegação de sua homossexualidade o faz se sentir ainda pior em seu próprio corpo.

O diretor Aaron Salles consegue construir em apenas uma hora e dez, uma obra prima da cinematografia brasileira nos aspectos técnicos. O modo como a história é construída combina perfeitamente com a mente ensandecida do personagem, provocando no público a sensação de que está ele próprio enlouquecido e preso na família disfuncional. As reviravoltas do último ato não são impossíveis de prever, mas ainda garantem um elemento surpresa que somente enriquece a narrativa.

Além disso, por ser um diretor novo, é interessante observar quais as “pegadas” que ele deixa durante o longa e é perceptível que o uso da cor verde (que causa estranheza) e vermelha (provocando atenção aos detalhes) são de grande importância para a construção do todo. Outra sacada do diretor foi para se explicar o título, em que é preciso ir literalmente ao fato de que há um galo vivendo na cozinha do pequeno apartamento de Zaira e Inácio. Para demarcar estrategicamente os pontos de virada na trama, o galo canta e representa “um novo começo” ao mesmo tempo que traz a proximidade do fim.

Outro elemento destacável do longa é a atuação de Catarina Abdala, normalmente reconhecida pela sua espiritualidade nas comédias. Neste ela dá uma aula de drama e se entrega completamente ao papel da mãe cansada em sua função que se contradiz e enlouquece, mas pela dependência financeira e amor inconsciente ao filho, não se permite abandoná-lo. Fernando Alves Pinto também brilha no papel de esquizofrênico funcional e mostra que a preparação de um ator para o que interpretará é primordial para a retratação da realidade.

Doenças psicológicas são de difícil tratamento e o processo é doloroso e complicado para todos. Quando o galo cantar faz um ótimo trabalho em retratar essa realidade. Apesar de não ir para circulação comercial, e assim permanecer nas sombras do cinema brasileiro, é o tipo de filme em que é possível se usar de exemplo para uma aula de técnicas cinematográficas. A história em si pode não vender como os clássicos de Hollywood ou as comédias brasileiras, mas certamente combina direção e roteiro com primazia.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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