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OS MAIAS

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Carlos da Maia regressa a Lisboa no Outono de 1875, para grande alegria do avô. A vida ociosa do médico aristocrata, invariavelmente acompanhado pelo seu par amigo, o gênio da escrita e de obras”inacabadas”, o manipulador João da Ega leva-o a ter amigos, amantes e ao dolce fareniente. Até que se apaixona de verdade por uma mulher bela e cheia de mistérios. A vertigem: paixão louca para lá dos negrumes do passado, um novo e mais negro precipício, o incesto. Mesmo sabendo que Maria Eduarda é a irmã, a paixão de Carlos não morre e vai ao limite.

O filme de produção Luzo-Brasileira se passa no final do século XIX e conta a história de Carlos da Maia (Carlos Coimbra), herdeiro de uma tradicional família portuguesa, criado pelo avô paterno, cujo pai suicidou-se após a mulher tê-lo abandonado e levado a filha mais velha do casal. Formado em medicina pela Universidade de Coimbra, Carlos dá consultas nas redondezas e passa grande parte do tempo com seus amigos, principalmente João da Ega (Pedro Inês), mas ao apaixonar-se por Maria Eduarda (Maria Flor), mãe da pequena a qual ele foi prestar atendimento médico, e mulher de um brasileiro que vive viajando, ele entrega-se ao amor e é correspondido.

No desenrolar da trama Carlos descobre que na verdade Eduarda não era casada, mas sim mãe solteira a quem seu suposto marido Castro Gomes (André Gonçalves) a pagava para ter sua companhia. Mesmo ao saber dessa revelação que para época era um escândalo, Carlos continua com Maria Eduarda com quem deseja casar-se.

Pouco tempo depois, João da Ega descobre que na verdade Maria Eduarda é a irmã que sua mãe levou ao fugir. Carlos totalmente apaixonado mantém o romance com a própria irmã, que só termina quando seu avô Afonso da Maia (João Perry) morre.

Com cenário similar ao de teatro e fotografia muito bonita, o aspecto visual do filme é criativo e original. A atuação do protagonistas é excelente, assim como dos coadjuvantes, destacando-se Pedro Inês que com um tom na medida certa do sarcasmo e ironia cativa quem assiste. O longa não trás muita ação, e o silêncio foi usado como elemento para criar a devida aflição sentida pelos personagens no espectador. Cortando a história que é bem extensa e deixando as partes principais, João separou as cenas cruciais do enredo, revelando uma história que pode ser passada hoje tão bem quanto na época em que o livro foi escrito.

O modelo do filme feito é construído baseado na imagem da ópera, mesmo não sendo cantada, a utilização dos artifícios é semelhante, o cenário feito a partir de pinturas feitas em transparências tecnológicas.

Os Maias, de João Botelho, é a primeira adaptação ao cinema da obra do escritor Eça de Queiroz, tendo como narrador Paulo Vilac.
 
 
Juliana Meneses
Juliana Meneses
Jornalista, pesquisadora de comunicação, fotógrafa e escritora. Apaixonada por literatura, cinema, teatro, música e fotografia. Viciada em café e livros, nasceu para escrever e viver cercada de histórias.

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