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Sete homens e um destino

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cartaz-7Sete homens e um destino não é só a refilmagem de um faroeste icônico. É um remake de um remake. Em 1960, John Sturges apresentou a sua versão do clássico Os sete samurais (1954), de Akira Kurosawa. O plot é o mesmo nos três filmes – habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com saques e buscam justiça reunindo um grupo de sete homens para contra-atacar os bandidos – embora o de Kurosawa seja ambientado no Japão feudal do século XVI quando um velho samurai é chamado para defender uma aldeia indefesa e o de Sturges se passe num vilarejo mexicano também à mercê de um bando de pistoleiros.

Se na década de 60, Steve McQueen e Charles Bronson eram estrelas do cinema americano, a versão deste ano também conta com um elenco famoso. E o novo remake traz algumas boas novidades. Quem pede auxílio ao carismático pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington) é Emma Cullen (Haley Bennett) porque é ela a única em todo o vilarejo que tem “colhões” para isso. É ela quem deseja justiça mas aceita vingança, o que pode até lembrar, neste aspecto, o remake de Bravura indômita (2010).

Com roteiro de Nic Pizzolatto (True detective) e Richard Wenk, ainda merece especial atenção a trilha sonora (disponível no spotify) composta por Simon Franglen, responsável pelas trilhas de Titanic e Nocaute (também de Fuqua) e pelos arranjos de Skyfall e Spectre. Além disso, Franglen foi quem convenceu o diretor a fazer o filme quando ele ainda parecia preocupado com o projeto e com as finanças. Depois da trágica morte de Franglen no ano passado, Fuqua ouviu os sete temas compostos como uma suíte. E resolveu arriscar.

Além de divertido, o resultado também já foi considerado pela crítica internacional como um faroeste surpreendente sobre os Estados Unidos de Trump. Ao lado da diversão está a diversidade cultural americana refletida por Fuqua. O líder desses sete homens magníficos é um caçador de recompensas negro e disposto a salvar uma cidadezinha do velho oeste durante a corrida do ouro na Califórnia, em 1879, quando o vilarejo é pilhado por Bogue (Peter Sarsgaard), um barão capitalista sociopata, e sua entourage.

Ao lado de Denzel Washington, um movie star afro-americano transformado em herói clássico do novo oeste, está um grupo de mercenários de bom coração prontos a defender e treinar os moradores: Chris Pratt (um lascivo charmoso), Ethan Hawke (um veterano de guerra traumatizado), Vincent D’Onofrio (um grisalho cômico que recita a Bíblia), Byung-hun Lee (um chinês experiente em manejar facas), Manuel Garcia-Rulfo (um mexicano fora da lei) e Martin Sensmeier (um guerreiro comanche). O multiculturalismo dos aliados acaba virando uma fonte de piadas (internas), além de uma série de subtextos atuais: os desprivilegiados americanos tentam juntos salvar o país, lutando para defender um lugar que eles construíram e agora sentem como se não pudessem pertencer a ele. Qualquer similaridade não é coincidência.

Embora também seja um produto da indústria hollywoodiana, Sete Homens e um destino está bem longe de ser uma cópia barata do faroeste de John Sturges (aliás, disponível na Netflix). Vale a pena conferir e se divertir com o blockbuster no cinema, mas não esqueçam que este filme bem poderia servir de pretexto para ver ou rever o monumental Kurosawa.

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