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MONÓLOGO “ANTES DO CAFÉ”, DE EUGENE O´NIELL, ESTREIA NO TEATRO NATHÁLIA TIMBERG

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Adaptação brasileira discute como as relações humanas podem degringolar a partir da história de um casal cujo relacionamento já está desgastado pela rotina.

O texto de “Antes do Café”, do dramaturgo americano Eugenie O´Niell, que estreia dia 21 de outubro no Teatro Nathália Timberg num monólogo com a diretora e atriz Nadia Bambirra e direção de Jorge Farjalla, é sobre o amor, fracasso, solidão e morte.

O’Neill tem no currículo algumas obras primas, como “Desejo Sobre os Olmos” e “Longa Jornada Noite Adentro”, que introduziram um tipo de representação expressionista ao teatro americano e é o único dramaturgo dos EUA premiado com o Nobel de literatura. Em “Antes do Café” o fio narrativo mostra uma mulher à espera do marido para o café. Eles estão em plena crise, transparecendo frustração com o casamento e a vida miserável que levam, sem dinheiro para comprar pó de café. Fala sobre a difícil tarefa do relacionamento entre duas pessoas e o caminho árduo a ser percorrido na vida a dois. Mrs. Rowland vive num processo de deteriorização humana e de sua forma de amar, tanto ao marido como a si mesma. O “fazer café” é somente um argumento para o arsenal de ofensas e maldizeres a Alfredo (o marido) e a suas vidas.

O relógio da casa foi penhorado e isso gera na esposa o estopim para a sua tarefa do dia: humilhar Mr. Rowland. Não há limites sobre o descontentamento como mulher e possível mãe que essa personagem enfrenta. O fracasso e o amor na obra de O´Niell conduz toda a trama, a falta dele ou o exacerbo levam as personagens à seus extremos.

“Viver com você é morrer a fogo lento”, frase da personagem para o marido que é guiado no universo do desconforto pela mulher na forma de cobrança, da postura perante a vida, no trabalho, e, na traição cometida por ele. Aí está o grito da vontade de ser desejada, de ser vista como mulher – a traição não é somente por ter outra, é por não acreditar nesta mulher que faz tudo pelo marido e se frustra por não ter troca com ele. Ele, um poeta alcoólatra, ela uma costureira, ele filho de milionário, ela de um verdureiro. Ambos unidos pelo amor e a vontade de ser feliz, mas as personagens de O´Niell jamais alcançarão seus objetivos, elas vivem na ilusão, a redenção e a perdição são condições para viver.

Nadia Bambirra conta que viver este personagem a seduziu. “Há dez anos sem atuar no teatro, eu precisava sair da zona de conforto. E tive um diretor cuidadoso e criativo que me disse ‘com esta voz você tem que voltar ao teatro’ e me sugeriu o texto e quis me levar de volta ao palco. Ele me provoca e me estimula. Isto não é para qualquer um e não podia perder esta oportunidade”.

O diretor Jorge Farjalla – que vem da ousada e elogiada montagem de “Dorotéia”, de Nelson Rodrigues, que comemorou os 60 anos de carreira da atriz Rosamaria Murtinho e teve também no elenco Letícia Spiller – conta que a encenação se baseia no tempo, na forma com que o ator executa um movimento ou uma ação dentro da cena. “O apartamento dos Rowlands está ali para que os espectadores se sintam em casa; é de dentro do cenário que o público também poderá assistir ao espetáculo. O silêncio é outro ponto primordial dentro da encenação, as ações da personagem são frases dentro desse silêncio, a primeira cena é apenas construída nas ações, sem falas. Não há palavras, há movimentos que exprimem as emoções da personagem”, explica Farjalla.

Nadia, que ficou à frente da direção de novelas na TV Record durante sete anos, atualmente é professora de Interpretação para TV na Escola de Atores Wolf Maya e recém dirigiu a montagem de “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, neste mesmo teatro em fevereiro deste ano – traz ao palco uma bagagem que começou com estudos de dança e teatro na cidade do México e com professores como Sergio Britto, José Wilker, Miriam Muniz, Cecyl Thiré, Rubens Correa, Wolf Maya, Moacir Goes e Angel Vianna, entre outros.

De lá para cá foram inúmeras suas participações como atriz no cinema, por exemplo, no filme “Apartamento 601”, curta de Eduardo Waisman, que lhe rendeu um Kikito de melhor atriz no Festival de Gramado, e em “A Ópera do Malandro”, de Ruy Guerra, entre outros. No teatro, produziu e co-dirigiu o espetáculo “Morte e Vida Severina” ao lado de Cristina Pereira, e atuou, entre outros espetáculos, em “Uma Lição Longe Demais”, de Pedro Vasconcelos, ao lado de Selton Mello. Também dirigiu e produziu 50 episódios do programa “Novos Nomes em Cena”, apresentado por Paulo Betti no Canal Brasil, indicado ao Prêmio Qualidade Brasil 2006.

Serviço:
Teatro Antes do Café, com Nadia Bambirra
Local: Teatro Nathália Timberg – Sala Nathalinha (Av. das Américas, 2000 – Freeway Center – Barra da Tijuca)
Temporada: 21 de outubro à 27 de novembro
Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Duração: 45 min.
Classificação: 16 anos
Capacidade: 70 lugares
Preços: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia para casos previstos em lei)
Bilheteria: terça a domingo de 13h às 19h ou www.ingressorapido.com.br

Foto: Ricardo Fuji

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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