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Claustrofobia e perigo faz de “Vida” mais uma obra de ficção científica

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Uma equipe de cientistas a bordo de uma estação espacial internacional, recolhem amostras de solo em marte e acabam descobrindo a primeira forma de vida extraterrestre. Com os primeiros estudos realizados eles percebem a rápida evolução do organismo que logo começa a se tornar uma ameaça à tripulação da nave e a toda a vida na Terra.

Sim, acho que todos podemos concordar que Vida é um “cópia” do filme Alien, mas isso faz dele uma coisa ruim? Uma série de filmes nos anos 80 e 90 tentaram copiar a atmosfera criada com maestria por Ridley Scott no clássico de 79 e dessa vez cabe ao diretor Daniel Espinosa (Protegendo o Inimigo) embarcar pela primeira vez no universo de horror espacial.

O diretor aqui não fez a menor questão de esconder as suas influências, criando verdadeiras referencias a diversas obras de sci-fi não só como Alien, mas como 2001: Uma Odisseia no Espaço e Gravidade, apresentando os mesmos ângulos de câmera e fazendo utilização de longos planos sequências.

Sabemos que o espaço pode ser aterrorizante quando bem feito, e o trabalho do diretor de fotografia Seamus McGarvey (Os Vingadores) é correto na criação da sensação de claustrofobia e perigo que o espectador deveria sentir dentro da nave. Isso também é possível graças ao trabalho de Nigel Phelps no design de produção do filme, não só da estação espacial toda, mas a interessante escolha no visual do alienígena que ganha o simpático nome de Calvin. Pois mesmo apresentando um design não ameaçador na criatura, pelo tamanho dela nós temos uma noção maior de perigo durante todo o filme.

Enquanto em filmes como Alien temos uma pegada maior na ficção cientifica e em A Chegada temos o lado de aprendizado com os seres de outro planeta. Vida acaba seguindo um caminho mais “realista e perigoso” sobre a descoberta de vida fora da Terra. Essa é uma abordagem interessante que o roteiro da dupla Rhett Reese e Paul Wernick (Deadpool) aplica em leves camadas, perdendo a oportunidade de explorar mais essas questões e apresentar mais da vida e do objetivo de Calvin.

Outro ponto mais fraco no roteiro fica na apresentação e desenvolvimento dos personagens. Acompanhamos eles de forma muito fria nos primeiros minutos que serve como um prólogo para a história, mas depois somos apresentados um por um em uma cena não natural que só tem o propósito de mostrar quem são as pessoas que vamos acompanhar nessa história e suas funções na estação espacial. Mesmo assim conseguimos boas atuações dos atores, em especial Jake Gyllenhaal, Rebecca Ferguson e Ariyon Bakare que são os personagens mais interessantes no filme. O outro nome de peso no cast é o ator Ryan Reynolds que vive o personagem “Ryan Reynolds no espaço”, uma exata cópia de todos os personagens engraçadinhos que o ator já viveu em sua carreira.

Em suma, Vida funciona e cumpre o seu papel. Sendo um competente filme sci-fi quando precisa e um bom filme de terror quando necessário. O problema é que no próximo mês temos a volta dos alienígenas Xenomorfos de Ridley Scott em Alien: Covenant, que promete ser uma excelente junção dos dois gêneros.

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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