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A batalha contra o inflado ego do pugilista Chuck Wepner em “Punhos de Sangue”

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Em 1975, o pugilista Chuck Wepner foi lançado aos holofotes após conseguir levar a lona e aguentar 15 rounds até ser nocauteado pela lenda do boxe Muhammad Ali, em uma luta que valia o título da categoria peso-pesado. A luta foi tão impactante que serviu de inspiração para Sylvester Stallone escrever a história do vencedor do Oscar, “Rocky: Um lutador”. Agora 42 anos depois, chega aos cinemas o drama biográfico “Punhos de Sangue”, que conta a verdadeira história de Wepner em dois momentos, antes e depois do lançamento do filme e como isso impactou em sua vida.

A verdadeira história do azarão que acaba conquistando a oportunidades de ouro é o principal ponto explorado no gênero dos filmes de esportes, em especial nos de boxe, desde a ascensão e a queda dos boxeadores. Mas aqui nós não acompanhamos isso sobre a carreira e sim sobre o pugilista, sobre Chuck que perdeu a batalha contra o seu inflado ego, o levando a uma série de problemas pessoais. Dando assim maior ênfase no que acontece fora do ringue.

O mais interessante é ver como isso é construído dentro da estética cinematográfica no gênero do filme, pois em vez de focar nas clássicas montagens de treinamento, focam no ego e na inabilidade de Wepner de lidar com a fama e como isso afetou sua família, saúde e vida.

O jovem diretor franco-canadense Philippe Falardeau, do indicado ao Oscar “Que Traz Boas Novas”, trabalha aqui com uma interessante estética visual, pois a história se passa nos anos 70 e a escolha de uma fotografia mais granulada para parecer ser um filme feito naquela época é uma escolha acertada. Assim como as mixagens das cenas originais da luta com as cenas recriadas no filme, são cenas das lutas muito bem feitas, com planos longos que dão ao espectador a sensação de sentir os socos e os golpes sendo aplicados.

Infelizmente, o longa acaba sofrendo de um problema não esperado, o protagonista Chuck Wepner, interpretado com brilhantismo pelo ator Liev Schreiber, sem dúvidas uma das grandes atuações do filme, trabalhando muito o corpo e suas expressões no rosto para passar a emoção que o personagem pedia. Mas mesmo sendo inspiração para o Rocky é difícil torcer para Chuck em certos momentos do filme, pois o carisma adicionado no personagem de Stallone falta na figura de Wepner, que é um viciado, womanizer, que vai destruindo tudo a seu redor.

Mas não é só a atuação de Schreiber que se destaca no filme, o elenco ainda conta com boas atuações de Naomi Watts que faz a segunda esposa de Chuck, Ron Pearlman que vive seu treinador, Michael Rappaport que tem excelentes momentos como Don Wepner e a atriz Elizabeth Moss que rouba o show, adicionando talento cada vez que aparece em cena e conseguindo trazer o melhor de Schreiber em cada momento em que eles estão juntos.

No fim Chuck nunca terá a mesma glória de Rocky, mas “Punhos de Sangue” consegue passar com muita intensidade a história nunca contada do verdadeiro Rocky Balboa.

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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