Animação “Rock Dog: No Faro do Sucesso” chega aos cinemas

É muito comum que os pais criem expectativas com relação a quem eles gostariam que os filhos fossem. Na maioria das vezes, por mais que os filhos se esforcem para agradar os pais, eles são indivíduos com sonhos e desejos próprios, independentes da vontade dos pais. Não importa o quanto se tente reprimir os desejos mais internos, uma hora eles sempre acabam vindo a tona.

Em uma aldeia de ovelhas, nas remotas montanhas do Tibete, um lugar lindo e tranquilo, mas não totalmente protegido de perigos. Onde há ovelhas, há lobos. O perigo dos predadores ronda a pacata aldeia, mas eles possuem uma arma secreta, com a qual os lobos não contavam. A proteção dos Mastim tibetanos, um dever que a espécie deles honrou por gerações.

Bodi é o próximo na linha de sucessão para o dever de proteger a aldeia e as ovelhas, e deve seguir os passos de seu pai. Porém, a música é sua grande paixão. Quando um rádio cai, praticamente, na sua cabeça, após uma carga ser derrubada de um avião que sobreava a área, Bodi é arrebatado pelas ondas do rock e pelos acordes de Angus Scattergoods, decidindo que a música é sua grande paixão.

A música, proibida por seu pai, por ser considerada uma distração, e o dever de se tornar um guardião, parecem caminhar em direções opostas. O confronto com o seu pai parece inevitável, mas o confronto nunca vem. Apesar de, a princípio, tentar desencorajar o filho o pai acaba o “incentivando” a ir.

É, muitas vezes, difícil para os pais compreenderem que os filhos são quem são, independentemente das expectativas que criaram para eles. Aceitar isso e deixa-los ir, talvez seja a mais difícil das escolhas e provas de amor. Mas essa, “reviravolta”, é o primeiro indício dos problemas que viriam envolvendo o roteiro e as motivações do filme de maneira geral.

O filme é uma co-produção entre Estados Unidos a China, baseado em uma história em quadrinhos chinesa. O filme conseguiu reunir algumas vozes bem conhecidas para compor seus personagens como Luke Wilson (Bodi) e J.K. Simmons ( Khampa), além de algumas participações menores de Matt Dillon. Sam Elliot, Jorge Garcia e outros. Apesar do bom elenco e de o filme não ser exatamente ruim, o roteiro parece não se importar muito com que as coisas façam sentido.

O roteiro é muito problemático, com muitas subtramas que não são desenvolvidas, deixando tudo um pouco sem sentido e sem motivação. A ideia do filho que vai em busca de seus sonhos contra os desejos do pai, cai por terra nos primeiros minutos, as dificuldades de buscar seus sonhos na cidade grande, nem mesmo um choque de realidades, considerando que ele veio de uma vila isolada nas montanhas para um universos com robôs, a competição com outros músicos, a relação com uns amigos que ele faz, a relação com o grande astro que ele busca para ajuda-lo, tudo isso enquanto os lobos correm por fora a fim de descobrir segredos que os permitam entrar na aldeia. Mas, nenhuma dessas propostas de enredo é de fato explorada, deixando o filme vazio e sem muitas conexões que o expectador possa fazer em termos de sentido ou pulsão que movimente a trama.

Os personagens em si não oferecem muita profundidade, o que impede que nos relacionemos com eles e o pouco que sabemos de cada um ou da história em si. A história é muito simples e pouco cativante. Com um orçamento reduzido entendemos o projeto simples de animação, o que não é um problema, mas não justifica a superficialidade e o desenvolvimento ruim e até mesmo confuso da história em sim.

O filme acaba por ser nada mais que um passatempo, porém não vai muito além disso.