- Publicidade -

“Pequenos Delitos” – Um thriller denso e honesto que merece a sua atenção

Publicado em:

Por Rafaelo Salles:

Quando um filme começa com o protagonista deixando a cadeia após cumprir sua pena, o cinema transformou duas abordagens em clichês: a busca pela redenção, trilhando o caminho do bem e da correção dos erros do passado ou a vingança contra os responsáveis pelo seu encarceramento. Um dos méritos de “Pequenos Delitos”, uma produção original da Netflix que estreou em 28 de abril, é justamente optar por abrir mãos dessas alternativas. No longa, Joe Denton, interpretado pelo dinamarquês Nikolaj Coster-Waldau (mais conhecido como o Jaime Lannister da série “Game of Thrones”), vive um ex-policial que é solto após 6 anos e quer seguir com sua vida. No entanto, o mundo fora da prisão se mostra pouco amigável e bastante marcado pelas consequências de seus atos.

“Pequenos Delitos” é baseado no romance do escritor David Zeltserman e adaptado por Macon Blair (roteirista e diretor do ótimo “Já Não Me Sinto Em Casa Neste mundo”, disponível na Netflix) e E.L. Katz, que também o dirige. O trabalho de Katz é bastante sólido e sua estética em tons pastéis pouco saturados, ambiência levemente noir e violência da trama lembram um pouco o filme “Marcas da Violência” de David Cronenberg.

Nikolaj Coster-Waldau tem a oportunidade de mostrar que seu talento vai além do posto de galã. Com uma atuação convincente e muito intensa em certos momentos, cumpre muito bem o papel de carregar o enredo, sofrendo gradativamente com as consequências do passado, enquanto o revela ao espectador em doses econômicas. O ator Gary Cole (Suits) também tem ótima participação na pele do tenente Dan Pleasant, um policial corrupto que fora parceiro de Denton quando este ainda fazia parte da corporação. É através de seu personagem que começamos a entender a história por trás do protagonista. Molly Parker (“House of Cards”) também integra o elenco como Charlotte Boyd, que não chega a formar um interesse amoroso empolgante com Denton, mas tem importante papel na trama.

Apesar de bem dirigido e interpretado, “Pequenos Delitos” apresenta uma incômoda alternância de tons. A história que se desenrola pede uma linguagem densa e obscura, que some à carga dramática ali presente. No entanto, há momentos em que Katz optou por inserções que quebram a continuidade desse clima. Há certas horas em que Coster-Waldau chega bem perto de um caricato “malandro”. A própria trilha sonora quebra a tensão em certas ocasiões e, mesmo que seja intencional, apenas causa estranheza.

Em linhas gerais, “Pequenos Delitos” pode ser considerado mais um acerto da Netflix. Mesmo com um orçamento modesto, o filme consegue aliar direção, roteiro e elenco de forma coesa e harmônica. Talvez não seja um blockbuster que faria você correr para a sala de cinema mais próxima, mas certamente será um bom programa para uma tarde de um fim de semana chuvoso.

Rota Cult
Rota Cult
Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
4.310 Seguidores
Seguir
- Publicidade -