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Por trás das cortinas, do Novo Balé da Ópera de Paris

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Todo trabalho artístico tem uma história sobre sua composição. Seja nos filmes, no teatro, na música ou na dança é sempre interessante ver como tudo é construído, muitas vezes no meio do caos que ocorre durante o processo criativo. Assim somos colocados a posição privilegiada de observadores no documentário “Reset – O Novo Balé da Ópera de Paris”.

Aqui nós acompanhamos o renomado coreografo e dançarino Benjamin Millepied, conhecido do grande público por seu trabalho no filme “Cisne Negro”, em sua tentativa de rejuvenescer o balé da Ópera de Paris, após assumir em sua nova função de diretor da companhia.

Começando oficialmente no cargo em 2014, após a saída de Brigitte Lefèvre que ficou mais de 20 anos como diretora, Millepied sem dúvidas foi tido como uma escolha curiosa para o cargo. Afinal o bailarino nascido na França passou grande parte de sua carreira nos Estados Unidos, chegando ao posto de primeiro bailarino da New York City Ballet e depois se tornando diretor e criador da LA Dance Project, o permitindo criar fortes vínculos com a escola americana, o que acabou não sendo bem visto aos olhos dos franceses.

Afinal o novo diretor tinha um objetivo claro: resolver a carência de renovação no balé e que ela deveria ocorrer em cada um dos estágios dos processos criativos. Apresentando assim uma abordagem pedagógica fora do modelo francês, Millepied acabou sendo duramente criticado, sendo chamado de “estrangeiro arrogante” por não seguir os rígidos e tradicionais padrões da França.

Os diretores Thierry Demaizière e Alban Teurlai conseguem apresentar aqui um prato cheio para os fãs de dança e para qualquer um interessado em artes em geral. Pois é fascinante o olhar por trás das cortinas e o estudo do tempo, logística e esforço colocado por todos os envolvidos em uma grande produção. Desde os primeiros momentos em que acompanhamos Millepied escutando a peça musical do jovem compositor americano Nico Muhly e começando a criar os primeiros passos, as análises dos movimentos, as escolhas dos bailarinos, tudo por trás da concepção do espetáculo “Clear, Loud, Bright, Forward”. Concebido após muito estudo e rascunho até ser finalmente interpretado.

A abordagem visual escolhida pelos diretores é sem dúvida um dos pontos altos do documentário. Apresentando enquadramentos e focos impecáveis na captação de belas imagens dos bailarinos e retratando bem toda a beleza da cidade de Paris nas cenas externas. O problema é que a repetição dos ensaios e o longo tempo de duração do documentário acabam deixando o ritmo um pouco lento pela metade do filme.

Ainda assim, “Reset – O Novo Balé da Ópera de Paris” é uma representação do que significa a criação de arte, da importância da renovação e das possibilidades que ela pode possibilitar.

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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