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“Rei Arthur: A lenda da Espada” esquece a mitologia e a literatura

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A lenda da espada na pedra, de um sábio mago e de um rei improvável foi escrita pela primeira vez por Sir Thomas Malory, baseada em alguns dados reais, e retratava diversas passagens do rei Arthur em seus anos de monarca. “Le Morte d`Arthur” é tido como a pedra angular de toda a literatura fantástica que viria nos anos seguintes e curiosamente poucas vezes ela fora adaptada para o cinema, mesmo que seus elementos estejam de acordo com o desejo do publico atual.

Nessa nova versão dirigida por Guy Ritchie (Sherlock Holmes), o sarcástico Arthur é um jovem que vive entre prostitutas e ladrões sem saber sua origem. Um dia seu caminho o leva até a poderosa Excalibur e ao conseguir retira-la da pedra torna-se então uma ameaça ao tirano Vortigern ( Jude Law) e um símbolo de liberdade para o povo.

Esqueça a lentidão dos típicos romances medievais, aqui Guy Ritchie imprime uma linguagem acelerada para a história e repete velhos maneirismos autorais. A começar pela técnica já usada nos dois filmes de Sherlock Holmes, aonde movimentos futuros são previstos enquanto o personagem monta uma estratégia.

Se no filme do detetive esses momentos se restringiam as lutas, aqui eles funcionam como uma muleta narrativa a diálogos em que Arthur “ prevê” o que outra pessoa falará ou na estratégia de algum ataque, com aquele estilo de “doze homens e um segredo”.

Outro elemento reaproveitado pelo diretor são os cortes rápidos das cenas, assim que determinada situação se finaliza outra se inicia sem qualquer take de passagem na hora da mudança. Essa é uma decisão problemática pois pode confundir o espectador sobre passagem de tempo ou mudança narrativa e complica também o roteiro, uma vez que para acompanhar esses cortes rápidos ele terá que optar por resoluções fáceis e estúpidas, assim como o desenvolvimento fraco de alguns personagens secundários.

O Arthur de Charlie Hunnam difere também do personagem literário. Se originalmente Arthur é um jovem inseguro e inocente, vindo a construir sua autoridade real mais velho, aqui ele é muito mais malandro, galanteador e autoconfiante. Mesmo que essa opção seja para criar a famosa identificação com o publico jovem, ao mesmo tempo ela passa a impressão de que Arthur já tem a força necessária para ser rei desde antes de retirar a Excalibur da pedra e toda a construção da jornada do herói é esquecida em prol de um personagem já finalizado.
No quesito técnico o CGI se mostra feio e datado, provavelmente pela intenção do diretor em dar um tom de game ao filme o excesso de efeitos especiais acaba por não conseguir passar a naturalidade esperada, ou pelo menos enganar um pouco. Em uma época em que o CGI está cada vez mais polido, aquele mostrado aqui é de um cartoonizado feio e que, quando posto como fundo, destaca-se facilmente o protagonista do ambiente computadorizado.

Por fim, Rei Arthur: a espada na pedra é o filme puramente pipoca e que de quase nada possui da mitologia do famoso rei. A trama desenvolvida por Guy Ritchie é apenas uma desculpa para o mesmo imprimir seus maneirismos, cenas de magia feitas a base de computação gráfica ruim, um protagonista que vai arrancar suspiros do publico por ser descolado e engraçado e cenas de lutas de espada que não passam qualquer impressão de brutalidade.

Entretanto, mesmo com todos esses contratempos, o filme consegue entregar uma diversão descompromissada e que possui suas bases fincadas em muitos games do gênero fantástico e em jogos de “RPG”. Por esses serem gêneros não muito explorados no cinema fica-se o gosto de que “Rei Arthur” é algo diferente e inusitado, podendo vir a divertir a todos por causa disso.

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