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“Ao Cair da Noite” oferece uma atmosfera claustrofóbica ao espectador

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A capacidade de se reinventar, independente da área, deve ser sempre exaltada. Não é fácil abandonar o lugar comum ou uma zona de conforto e se aventurar em uma nova linguagem que pode ou não ser bem recebida, no gênero terror essa mudança é sempre notada pois ao longo dos anos os diretores optaram por formulas manjadas de historia (found footage, espíritos malignos) vindo a mudar essa dinâmica recentemente, foi o caso de A Bruxa (2015) e é o caso de  Ao cair da noite.

Ambientado em uma casa isolada no meio de uma floresta a trama acompanha uma família tentando sobreviver ao dia a dia de um mundo que foi assolado por um vírus mortal, podendo contaminar ao menor toque. O contato com uma segunda família, entretanto, acenderá seus medos secretos e suas paranoias.

O tema dos efeitos da paranoia em ambientes isolados já foi abordado outras vezes, vide em O Iluminado ou A noite dos mortos-vivos. Em todos os casos a construção se valeu principalmente por saber criar um ambiente claustrofóbico e perigoso, elemento do qual o filme executa perfeitamente. Utilizando de ótima Fotografia nos diversos takes noturnos no lado exterior da casa e pouco iluminados em seu interior, o diretor Trey Edward Shults consegue criar uma atmosfera tensa que ronda o ambiente somando-a ao temor do que os personagens podem fazer entre si em uma situação de perigo.

Os planos de filmagem também são interessantes em alguns momentos, no que concerne as partes da floresta, pois o diretor aproveita o clima tenso criado para focar no personagem mas ao mesmo tempo fazer o espectador analisar detalhadamente o ambiento no entorno em busca de algum detalhe ou susto. A ótima ambientação da floresta densa ajuda imensamente nesse fator e se torna quase como um personagem a parte da história.

Entretanto nem tudo são flores, na ambição de criar uma realidade original para seu filme, afim de dar um suporte ao suspense, o diretor e roteirista falha em pouco desenvolver aquele universo como um todo. Sabe-se que há uma epidemia mortal mas não se sabe o alcance dela, nem como se originou. Mesmo que a escolha seja privilegiar o terror essa decisão tira um pouco da imersão geral de tudo o que esta ocorrendo.

Por fim, Ao Cair da Noite é um terror que consegue fugir do lugar comum no qual o gênero tem se prendido nos últimos anos, ao mesmo tempo que tenta desenvolver o medo baseado nas relações sociais. Para tanto, a escolha já manjada de um apocalipse soa acertada e a paranoia trabalhada encontra suporte em outras obras prévias. É sem duvida um filme de difícil digestão mas que é visualmente, e até narrativamente, diferente e muito interessante.

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