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O trio paulista, Vento Motivo, conta a sua história e suas inspirações

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A banda paulista Vento Motivo com mais de 15 anos de carreira e cinco trabalhos lançados ao longo desse tempo, lança novo álbum, “Sol Entre Nuvens”. O quinto trabalho autoral da banda contém  com 4 faixas autorais e uma regravação de “Um Dia, Um Adeus”, clássico de Guilherme Arantes.

Vocês possuem 15 anos de estrada, já é um longo caminho desde “Luciana Vai Pra Guerra”, como a banda surgiu e como foram os primeiros anos?
O embrião nasceu na escola, durante o ensino médio, época em que aprendi a tocar e logo de cara compor. Lá conheci nosso primeiro guitarrista, Marco Panisa, e passávamos os dias tocando e fazendo música. Montamos uma banda que veio a se chamar Vento Motivo e que durou alguns anos até se dissolver, sem grandes acontecimentos. Chegamos a gravar um disco, mas nem lançamos. Foi uma fase mais de laboratório e aprendizado. Alguns anos depois, já em 2002, 2003, vi que tinha uma boa safra de músicas pra fazer um disco realmente bacana, o “Luciana Vai Pra Guerra”. Eu e o Marco começamos a trabalhar nessas músicas, e no meio do processo apareceu o Binho. Nessa época eu já tinha um estúdio, o que contribuiu muito pra alavancar a coisa toda. E quando nos demos conta já tínhamos um disco pronto e que pod&i acute;amos nos orgulhar. Começamos a contar o início da banda oficialmente a partir desse disco, que aliás teve grandes êxitos. E não paramos mais, apesar das dificuldades que são muitas quando você tem que fazer tudo por sua própria conta e iniciativa.

Da onde surgiu o nome Vento Motivo?
Era o título de uma das primeiras músicas que compus. Eu, garoto romântico e tímido, que não fazia lá muito sucesso com as meninas, imaginava que poderia mandar beijos e mensagens através do vento, e que o vento responderia com sinais. Depois, pensando nas nuances do vento, que pode ser brisa leve ou furacão, mover os cabelos ou derrubar estruturas, no fato de sempre haver um propósito conceitual no nosso trabalho e no nosso próprio movimento ao sabor do vento, achamos um termo perfeito para nos traduzir.
O quanto vocês acreditam que mudou no som do Vento Motivo do primeiro para o quinto disco

O quanto vocês acreditam que mudou no som do Vento Motivo do primeiro para o quinto disco?  Tudo e nada. Na verdade, cada disco tem sua própria onda e sonoridade. O primeiro tem muita coisa eletrônica, e foi arranjado no computador. O segundo já tem uma pegada mais hardcore, e mais guitarras. O terceiro tem um som mais cru, de trio. O quarto é mais rock com um clima de banda ao vivo. E o quinto tem no violão o fio condutor. Isso se deve à nossa própria natureza, de sempre buscar novos caminhos e não querer se repetir, e também às diferentes formações da banda. Por outro lado, as músicas partem da mesma fonte, e por mais que haja a intenção de fazer algo diferente, no fim das contas acabo identificando sempre uma montagem diferente para o mesmo prato. Esteticamente pode causar uma impressão diferente, mas o gosto é o mesmo. Claro que com o tempo muitos aspectos vão melhorando. Do primeiro pro último percebe-se a maturidade adquirida ao longo do tempo e que ainda está em processo.

Quem escuta vocês, pode repara um certo cuidado na criação de temas em cada um deles? Como funciona esse processo na composição dos discos “conceituais”, como é pensado a exploração de temas por trás dele.
Cada disco é uma história. Mas de forma geral, isso surge naturalmente, sempre a partir da urgência em se expressar. As músicas nascem quando você está à flor da pele, quando precisa decodificar algum sentimento ou situação em volta, enfim, por pra fora o que está pegando. Aí, quando você olha aquele conjunto de canções novas, elas normalmente já mostram o intuito, o porquê da urgência. Depois é trabalhar no título, compor outras com o mesmo direcionamento, ou resgatar uma antiga que se encaixe, pra amarrar o conceito. É por aí, os discos são retratos sonoros de momentos da nossa vida, olhando pra dentro e pra fora. E todo esse processo geralmente é longo e doloroso.

Como isso afeta na criação da banda?
Sempre procuramos retratar a realidade em volta e mais que isso, a maneira como nos afeta, de certa forma pra traduzir e expurgar o que incomoda. Mas com total cuidado pra não cair do discurso vazio e repetitivo, de apenas reclamar e bradar frases de efeito. Hoje como todo mundo reclama o tempo todo, e quase sempre com base em paixões pessoais, o cuidado é redobrado. Tanto é que o “Sol Entre Nuvens” reflete sobre essa confusão entre tantas certezas e valores, mentiras, verdades distorcidas, bandeiras, enquanto o fato em si se perde na discussão. E propõe a complacência, nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. Nunca tivemos um discurso que soasse mais um pingo no piso molhado.

Sobre o videoclipe animado de “Sol Entre Nuvens”, o que vocês podem nos dizer?
É uma representação metafórica do outono, o encontro do verão com o inverno, do calor com o frio. Casou perfeitamente com o conceito do disco, que trata justamente da convivência natural entre opostos. Às vezes faz frio no verão, e também faz calor no inverno. Assim somos nós, ora felizes, ora tristes, coisas boas e ruins acontecem. Mas tudo pode brilhar, como o sol entre as nuvens.

Fernando e o Binho estão entrando em uma nova e imagino que empolgante fase como apresentadores do programa “Toca Mais Uma” na BCC TV, como está a empolgação para esse projeto?
Estamos animadíssimos! Sempre participamos de programas como convidados, e estar do outro lado, apresentando, é inédito e desafiador. Além de ser mais um canal interessante pra divulgar e apoiar a cena musical. E é sobretudo divertido!

E o que podemos esperar do Vento Motivo, quais as inspirações e processo para o sexto disco?
Estamos trabalhando no próximo disco, pra lançar já nos primeiros meses de 2018. Sobre o processo, sabe quando a pessoa tem um filho? Depois que nasce é que você passa a conhecer a cara dele, a personalidade, com quem se parece, tudo. É mais ou menos a mesma coisa. Tudo acontece a partir das novas composições que vão surgindo. E tenho percebido uma vibe diferente nas músicas novas. Parece que vai ser um disco com mais ênfase no trio, guitarra, baixo e batera, com alguns elementos eletrônicos. Músicas pra cima, com refrão pra todo mundo cantar junto, algumas baladas densas, uma onda mais rock, e a carga poética de sempre, provavelmente com um conceito baseado no amor e relacionamentos, coisa que nunca fizemos. Temos várias músicas de amor, mas nunca um fizemos um disco amarrado com esse mote. Mas ainda vamos achar o fio da meada ao longo do processo, pra batizar a criança.

 

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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