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Morrer de Amor: Uma obra inventiva e com potencial do cinema independente

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Sabemos que o cinema nacional infelizmente vive muito graças às leis de incentivo. Mesmo assim isso acaba refletindo somente uma fatia do que é produzido no mercado brasileiro, mas e quanto ao outro cinema? O independente que ainda sustenta o ideal de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” de Glauber Rocha, que luta por um espaço para mostrar a sua arte. Assim foi realizada a produção de Morrer de Amor, o segundo longa metragem do experiente Cristiano Requião, que começou a ser trabalhado em 2014 e chega agora aos cinemas.

Segundo o próprio diretor, o filme tem a intenção de abordar arquétipos universais como o amor, sexo e a morte, de forma muito crua. Podendo ser um filme de até difícil assimilação para o público, afinal tratar temas como depressão, eutanásia e suicídio não é um trabalho simples. Com isso em mente, somos apresentados à história de Marcelo (Rafael Schmitt) um jovem tímido e que ainda muito jovem perdeu os pais em um acidente de carro, sendo criado pela família de Beatriz (Janice Fernandes). Tudo muda quando depois de facilitar a eutanásia em sua madrasta, Marcelo tenta o suicídio tomando uma dose exagerada de ansiolíticos. Socorrido em uma UTI de um hospital, ele sobrevive aos tratamentos médicos, mas neste período experimenta o fenômeno da ecmnésia, isto é, recordações ocasionais de suas memórias recentes e passadas. Sendo assim, o fio do condutor são as lembranças, cuja coerência reflete alguns dos dramas e dúvidas da trajetória de vida de Marcelo.

Visto nesse ponto apresentado na sinopse, Morrer de Amor, apresenta sem dúvida uma interessante premissa, que pode ser muito bem explorada. Infelizmente o produto final não entrega o resultado que a sinopse promete, muito devido ao roteiro que em nenhum momento constrói a narrativa dessa forma e da montagem, que além de confusa, ainda apresenta estranhos efeitos de transição de cena, ambas as funções também assinadas por Cristiano Requião. Somos apresentados de forma rasa à vida daqueles personagens, onde em nenhum momento ficam claro os motivos para os problemas de Marcelo, o porquê da implicância de sua meia irmã Lourdes (Marina Trindade), como era a relação de Beatriz com seus filhos, ou até mesmo o relacionamento de Marcelo e a enfermeira Rose (Nathália Klein), que foi explorado apenas de forma explicita e gratuita para tentar mostrar os desejos do protagonista na descoberta do sexo.

Talvez os anseios em mostrar sua arte e a “liberdade” imposta no cinema independente atrapalhem um pouco o produto final de Morrer de Amor, onde vemos que o excesso de funções acumuladas por Requião, podem ter atrapalhado o filme. Fazendo dela uma obra inventiva e com potencial de mostrar a força e capacidade do cinema independente, mas sem a força necessária para se sobressair perante as dificuldades impostas por esse cinema.

 

 

Renato Maciel
Renato Maciel
Carioca e tijucano, viciado em filmes, séries e tudo envolvendo cultura pop, roteirista e estudante de cinema, podcaster no Ratos de Cinema

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