‘Sons de Vermelho’ estreia no Solar Botafogo

Há alguns anos o diretor, roteirista e cineasta Pedro Nogh já vinha com a ideia de montar um espetáculo com elenco todo de mulheres. A ideia foi amadurecendo à medida que se inflamavam os discursos feministas na grande m ídia, até que lhe apresentaram ‘O livro vermelho de Maria Vasco’. Inspirado nas poesias eróticas do livro, Pedro Nogh romanceou o texto, e dividindo a direção artística com Hayla Barcellos – Bacharel em Teatro -, levam ao palco do Teatro Solar de Botafogo ‘SONS DE VERMELHO’, que estreia dia 18/9, segunda-feira, às 21h, com reapresentação dia 25/09, também segunda-feira, às 21h.

A tônica feminina da peça começa pela representatividade da autora Maria Vasco, que é artista plástica, compositora e poeta, e escreveu seu livro para falar de amor, segredos de alcova, a cama como planeta, desejo e criatividade. Onde sexo não é pecado, nem pornografia, mas a ciência da paixão e química da pele. Maria completa este ano 50 anos de carreira e 73 de vida, e ganha de presente uma peça inspirada em seu livro.

‘SONS DE VERMELHO’ é estrelado por Sophia Dornellas, Renata Mattos, Danielle Oliveira, Maria Augusta Montera, Bel Machado e Viviane Cataldi, grupo de atrizes formadas pela CAL (Centro de Artes de Laranjeiras), que levam à cena a liberdade da mulher pelo gozo, em um projeto multidisciplinar que reúne linguagens teatrais, performance e dança.

A dramaturgia discorre sobre a relação de duas irmãs. A irmã mais nova (Sophia Dornellas), ainda em fase de descoberta do prazer, é orientada pela irmã mais velha (Danielle Oliveira) a mergulhar em um universo sensorial proposto por um livro sacralizado em família: O Livro Vermelho. A imersão à obra – a partir de um ritual onírico liderado por uma Chapeleira Mística (Viviane Cataldi) – coloca a personagem em contato com as nuances da sexualidade humana representadas por quatro entidades: a masturbação (Maria Augusta Montera), a homossexualidade (Renata Mattos), a heterossexualidade (Bel Machado) e a multiplicidade sexual. Toda a narrativa é apresentada por linguagens que transitam da poética falada à dança, significando as formas de prazer através de sons projetados pela palavra e pela música.
A cenografia de Sons de Vermelho, criada pelo arquiteto Márcio Roberto, é uma homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Vasco e no palco estarão onze obras criadas por ela, que fazem parte do seu acervo. Dentre seus trabalhos plásticos mais recentes, está o ‘incones’, exposição realizada em 2016. Primeira ‘porta-bandeira’ da Banda de Ipanema e sua musa eterna, na música é parceira de músicos como Paulinho da Viola, Paulo Moura, Moraes Moreira e Armandinho, e o público, ao final da peça, será embalado pela sua música em confraternização pela sua arte.

– Escrevi O Livro Vermelho quando fiz 69 anos como uma brincadeira em alusão ao erotismo do número. Eu sou de uma geração que foi pra rua no movimento de contracultura. Apesar de enxergar algumas mudanças no comportamento social, ainda há um pudor para falar do gozo feminino. O Livro Vermelho traz a cor da paixão e a libertação da mente – comenta Maria Vasco.

– Do ano passado pra cá, o discurso feminista ganhou muita força, seja na grande mídia ou nas redes sociais. Mas as manifestações e produções artísticas em pauta não abordam essa questão da liberdade pelo prazer a fundo.

Meu encontro com a obra da Maria foi decisivo na articulação do trabalho – afirma Pedro Nogh.

– A gente não pretende fazer arte panfletária, tampouco surfar nessa onda do modismo feminista. O trabalho tem beleza poética, expressividade e, principalmente, a disponibilidade de todos os artistas envolvidos para dar voz e luz a esse tema – defende Renata Mattos, atriz.

Serviço:
Peça Sons de vermelho
Local:Teatro Solar de Botafogo (Rua Gal. Polidoro, 180, Botafogo.)
Datas: 18 e 25 de setembro – segundas-feiras.
Horário: 21h
Entrada: R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia). Link para compra de ingressos online: https://www.tudus.com.br/evento/solar-de-botafogo-sons-de-vermelho
Classificação: 18 anos
Capacidade: 180 lugares