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Uma das vozes do cenário da MPB atual, Simone Mazzer quebra tabus em entrevista

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Simone Mazzer, a cantora poderosa da MPB fala da carreira, saúde, do preconceito e de como vem colaborando para quebrar tabus. ‘Se não fossem essas posturas de confrontamento, não andaríamos pra frente. Tem que ter esse lugar pra dizer: ‘Opa, temos aqui a gorda, a branca, a negra, o oriental, o refugiado sírio, o pobre, o gay, o trans, pessoas que pensam, pagam impostos, trabalham, criam e que têm que ser respeitadas do jeito que são’

Uma voz e tanto no cenário da MPB atual e que não se enquadra em um único ritmo. Hoje, nos shows, está numa onda rock, mas transita, com grandeza, por vários estilos. E cá pra nós, defini-la pra quê? Assim é Simone Mazzer: antenada, politizada, bem resolvida e original. Aos 50 anos, vem trilhando uma trajetória ímpar no teatro, cinema, na TV e música – em 2016, ganhou como Revelação do Prêmio de Música Brasileira.

Indicada aos prêmios de teatro Shell e APTR, com participações em TV, atuação no filme “Nise – O coração da loucura”, entre outros trabalhos, Simone critica que artistas “fora do padrão” ainda sejam rotulados e sente falta de mudança já. “Normalmente tem a gorda engraçada, aquela coisa mais para o escracho, pro humor, às vezes até um humor que nem curto, mais depreciativo. Mas é claro que não é só isso. Existem outras possibilidades. Às vezes, eu sinto falta de o mercado oferecer esse tipo de espaço no cinema, na TV, que lidam diretamente com a imagem”, diz.

Sempre que está prestes a produzir um novo trabalho, ela tem a preocupação de criar um conceito que considere importante para o momento. E suas escolhas acertadas já lhe renderam até mesmo censura em rede social. “Para eu levantar um repertório, eu tento criar um conceito: O que quero falar agora? O que acho que está precisando ser dito? É uma engrenagem, passo pros músicos, a música fala por si e se transforma, como a capa do CD (“Simone Mazzer & Cotonete”, elogiado pela crítica, no destaque) que virou algo muito maior do que imaginei (ao compartilhar a foto da capa, que traz uma atriz nua, Simone teve o perfil bloqueado no Facebook). Na capa não sou eu, é uma amiga atriz, burlesca. Poderia ser eu, mas estava fazendo trezentas coisas. Ouvi muito: “é isso aí, a gente pode ser livre e leve, fazer o que quiser”. Através da minha música, umas pessoas me contaram que viram o mundo de um outro prisma, que têm mais vontade de batalhar, de mudar”, conta ela, premiada como Revelação no Prêmio de Música Brasileira 2016.

Desencanada com o seu corpo – no passado, foi em busca de fórmulas mágicas de emagrecimento – e extremamente preocupada nos cuidados com a saúde, Simone acredita que vem contribuindo para quebrar tabus. “Acompanho o colesterol, a diabetes. Estou com 50, tenho que me cuidar. Eu me aceito muito bem e sempre estranhei quem visse a obesidade como problema social, enquanto questão de saúde, posso até compreender. Não se cuidar pode ser um grave risco. Fico de olho na alimentação e faço fisioterapia, porque o sobrepeso machuca muito as articulações. Me ajuda a aliviar as dores. Tem semana que faço shows seguidos, dou aula, estou filmando, tudo ao mesmo tempo. E tenho tido contato com a medicina Ayurveda”, enumera ela, que completa: “Acho que estou rompendo esse padrão que alguém resolveu dizer que é o perfeito. Procuro usar meu trabalho, minha voz, a serviço da aceitação. Recebo mensagens de mulheres que dizem que as ajudei a mudar, que estão estimuladas e se sentem bonitas”.

Ainda vítima de preconceito, e ela deixa claro que responde à altura, em sua opinião, ainda há um longo caminho para a valorização da diversidade. “Existe preconceito e é pesado, tem gente que ainda olha, aponta, ri. Você aparece na TV e acha que é piada. E, dependendo do meu estado de espírito, eu respondo. Produzir uma revista assim (Nova Eva) é importante, eu estar no mercado é importante. Se a gente não fizer, quem vai fazer? O governo? Se não fossem essas posturas de confrontamento, teimosias de nossa parte, não andaríamos pra frente. Tem que ter esse lugar pra dizer: ‘Opa, temos aqui a gorda, a branca, a negra, o oriental, o refugiado sírio, o pobre, o gay, o trans, pessoas que pensam, pagam impostos, trabalham, criam e que têm que ser respeitadas do jeito que são’. Falou e disse.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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