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A MELHOR ESCOLHA: LINKLATER ALÉM DA PERDA E DO LUTO

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Ao longo de sua prestigiada carreira, Richard Linklater sempre buscou a humanidade em seus filmes, resultando em produções dramaticamente potentes, comoventes e costuradas com diálogos afiados. Provas disso são: A Trilogia do Amanhecer (Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia-Noite), o simplesmente complexo Boyhood e o retrato setentista Jovens, Loucos e Rebeldes, falando sobre amor, amadurecimento e rebeldia, respectivamente. Agora, o diretor e roteirista aborda os temas perda e luto em seu novo longa, A Melhor Escolha, estrelado por Steve Carell (Foxcatcher), Bryan Cranston (Breaking Bad) e Laurence Fishburne (Matrix). E em sua nova empreitada, Linklater escolhe falar sobre o luto em sua forma mais dolorosa: a perda de um filho.

Assim, na trama – que se passa em 2003 – Carell interpreta Larry, um homem que passou por um ano tenebroso: após perder a esposa devido a um câncer, ele recebe a notícia de que seu filho, Larry Jr., morreu na Guerra do Iraque. Então, o homem tem a ingrata e angustiante tarefa de escoltar o corpo do filho até Arlington, cidade onde será enterrado. Para isso, ele pede o apoio de dois de seus companheiros da época em que serviu ao exército durante a Guerra do Vietnã e com quem perdeu contato há muitas décadas. São eles: o imponderável ébrio com tendência a brigas Sal (Cranston) e o reverendo Richard (Fishburne), que, apesar das personalidades totalmente distintas, embarcam em uma road trip com o velho amigo.

Um dos maiores méritos do trabalho de Linklater até agora tem sido a habilidade de criar roteiros que permitam seu elenco de peso mostrar seu talento desenvolvendo as personagens com veracidade e sutileza. Em A Melhor Escolha, esta característica está presente também, porém possui alguns desníveis – principalmente se comparado aos trabalhos anteriores do diretor -; talvez, isso aconteça devido ao fato do presente roteiro ter sido escrito em parceria com Darryl Ponicsan, autor do livro no qual o filme é baseado – e que já serviu de inspiração para outro longa, A Última Missão, de Hal Ashby, em 1973. Algumas situações apresentadas no longa lembram algumas produções cômicas que Carell protagonizava há alguns anos, e o que deveria ser, talvez, um alívio para a trama totalmente real e pesada, acaba se tornando uma inconsistência dramática.

Por outro lado, quando o filme volta a se sustentar em sua teia filosófica, apresentando, por exemplo, sub-textos acerca de fé, em todas suas concepções – da fé religiosa à fé patriótica. O roteiro ainda lança mão de outras questões interessantes, como a oposição indivíduo e instituição quando Larry deve decidir se o filho será enterrado com os trajes militares, ou não, e se a bandeira americana será colocada sobre o caixão, ou não, afinal o ato pode ter dois pontos de vista: o homem deu a vida pelo sistema ou o sistema tirou a vida dele. Com isso, no fim de tudo, A Melhor Escolha mostra ser um filme não apenas sobre perda e luto, mas também sobre estar atento ao outro, sobre ser o ombro que uma pessoa precisa para chorar, assim, Linklater demonstra, novamente, sua fé na humanidade – que é exatamente o que uma pessoa precisa nos dias mais sombrios da vida, como mostra o filme, sem apelar para o melodrama barato.

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