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A Número Um: trama tensa alerta social feminista

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Emmanuelle Blachey (Emmanuelle Devos) é executiva de uma multinacional parisiense, referência no segmento empresarial, obrigada a lidar com tensões das negociatas do meio corporativo e dilemas pessoais, como a morte da mãe, o polêmico pai adoecido, e a instabilidade profissional do marido, fazendo de tudo para que isso não atinja sua filha.

Muito respeitada nos corredores da sua empresa, onde há iminência de uma promoção, Emmanuelle embora alimente um fio de esperança numa escalada profissional dentro da corporação, se vê diante do velho jogo político onde ela percebe que é na verdade vista como uma ameaça a hegemonia masculina no poder, e que dificilmente chegaria ao topo da pirâmide.

Neste mesmo momento, surge através de um conselho formado por mulheres influentes na política da França, um convite para que Emmanuelle se torne candidata à presidência de uma das mais importantes empresas do país, em decadência e desconfiança administrativa. Embora tentasse se esquivar do discurso sexista, ela vê ali a chance de se afirmar no poder e finalmente demonstrar sua competência.

O desenrolar da trama é bem didático e tenso, onde cada movimento de cada personagem se assemelha como o de peças de um jogo de xadrez. Lobby, tentativa de coerção, ameaças e um conflito interno guiam a protagonista por essa história que é de fato um grito acuado de feminismo em meio ao mundo corporativo, ainda dominado por homens em quase toda totalidade. É um filme de difícil engrenagem. O caráter político o torna moroso, pelo menos a mim, cujo tema não agrada muito.

Mas o mais importante do trabalho de Tony Marshall é a importância em se tratar de um tema super atual, que é a voz da mulher em todos os âmbitos da sociedade, no filme, abordado pelo alerta do feminicídio, mostrado na primeira cena do filme, quando ocorre uma palestra onde Emannuelle é convidada palestrante.

O curioso é que embora trate desse tema de forma velada, principalmente nos momentos em que o grupo feminista se reúne, a personagem de Devos tenta a todo tempo se manter mais focadas nos seus objetivos do que atuante de fato pela causa. A interlocução familiar, seja com o pai o com o marido, criam o dilema entre ser a mulher forte, independente e atuar como a bandeira do movimento e ser a filha, a mãe e a esposa, como se houvesse ainda a possibilidade de lidar com os dois mundos.

Alguns subplots inseridos no roteiro se perdem e ficam meio sem pé nem cabeça. A despeito disso, a atuação de Emmanuelle é ótima, transmitindo exatamente o que lhe é proposto.

A ambientação é gélida e os diálogos em grande parte, monótonos. Mas consegue se superar isso com um enredo de certa forma instigante e que gera interesse no desfecho.
Ao fim das contas, julgo ser um bom filme para quem gosta deste gênero específico.

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