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Maria Madalena desmistifica relatos que não correspondem a palavra da Bíblia

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Protagonismo feminino é um tema muito relevante e em crescente debate atualmente, no que diz respeito a representatividade de histórias com essa característica como ponto central. Uma personagem da história bíblica, por vezes esquecida ou desmerecida é a de Maria Madalena. Rooney Mara interpreta a personagem principal ao lado de Joaquin Phoenix no papel de Jesus. O novo longa da Universal Pictures é dirigido por Garth Davis, conhecido pelo seu trabalho em Lion – Uma Jornada para Casa, filme indicado a diversos Oscars em 2017. Com o mesmo estilo de narração, solitário e que busca dar grande significância ao silêncio, Maria Madalena chega desmistificando relatos que não correspondem a palavra da Bíblia.

A biografia de uma das figuras mais enigmáticas e incompreendidas da história bíblica é o foco central deste longa. Em busca de uma nova maneira de viver, contrariando a sociedade, a família tradicional de Maria Madalena e o machismo de alguns apóstolos, a jovem junta-se a Jesus de Nazaré em sua incansável missão de propagar a fé.

Nesta versão, não há pedras, nem um histórico passado de prostituição, ao invés disso, Madalena seria forçada a se casar com um homem, mas não sentia em seu coração que foi feita para esse tipo de vida. Encontrando o profeta milagroso, é a primeira mulher a ser batizada e assim, se junta a ele e os Doze, para ensinar ao povo de Israel e Roma sobre a palavra de Deus promovida por Jesus.

Acerca da honestidade e verossimilhança em relação ao que está na Bíblia e o que foi roteirizado, o Padre Airton Evangelista da Costa, no site “Estudos Gospel” afirma que “Maria Madalena não pode ser confundida com a pecadora referida pelo apóstolo João: ‘Os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério’ (Jo 8:3). Portanto, o registro bíblico não nos autoriza a dizer que Maria, de Magdala, era prostituta, e que se trata da mesma pessoa citada em outros versos”.

Em uma edição especial feita pela Super Interessante também é indicada a falta de provas contra o relato “Maria Madalena é basicamente uma seguidora de Jesus que testemunha a crucificação. Nada ali indica um relacionamento com Cristo – muito menos que ela fosse prostituta; essa é só uma lenda que pegou”, escreve o jornalista Reinaldo José Lopes na edição de novembro de 2016.

Desmascarada a “Guerra de Versões”, o longa pode ser analisado pelo que é: uma obra de ficção inspirada em fatos reais narrados pela Bíblia. Rooney Mara demonstra serenidade e paz, mesmo em momento de grande questionamento interior. A descoberta de seu propósito na vida vem como uma luz para todas as mulheres de cidades espalhadas pelo Oriente, e a atriz interpreta esse papel com olhares, sorrisos complacentes e breves discursos que jorram honestidade a uma sociedade que não queria ouvir uma mulher. Já Joaquin Phoenix, é um Jesus de olho azul e abdômen sarado, mas que espalha o amor ao próximo e prega a união das pessoas por um bem-estar comum. Também bem representados no filme estão Tahar Rahim (que faz o papel de Judas) e Chiwetel Ejiofor (no papel do apóstolo Pedro).

Ambientados em um belo cenário italiano (mais precisamente o deserto de Accona), os visuais do filme são beges e arenosos, a não ser na cena da crucificação em que tudo parece servir-se de tons sombrios. O diretor também possui a característica de contar suas narrativas lentamente e explorar os sons ao máximo, sem nunca aumentar demais o volume em um longa que deve demonstrar sentimento de tranquilidade. É fácil identificar que Garth Davis escolheu seus evangelhos favoritos para representar no longa, e por isso ela não seja uma linha do tempo totalmente certa, mas ainda com trechos que falam sobre a necessidade de mudança no comportamento hipócrita de religiosos.

Assim como o grão de mostarda, que representa uma fé pequena mas que pode gerar frutos, o diretor Garth Davis faz um trabalho que parece pequeno, mas na realidade é tão minucioso que gera frutos de uma obra como “Maria Madalena”. Fechando a narrativa com a moral de que “o mundo só muda, se você mudar”, o longa é um belo retrato do que há de certo nas religiões: a pregação do amor ao próximo, do perdão e da união representada na fé.

Luana Feliciano
Luana Feliciano
Estudante de Jornalismo, ama escrever e meus filmes favoritos sempre me fazem chorar. Minhas séries preferidas são todas de comédia, e meus livros são meus filhos.

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