Exorcismos e Demônios repete formula de O Exorcismo De Emily Rose

Jumpscares fáceis, um roteiro barato e atuações de medianas a ruins. Estas são algumas das características de um filme de terror abaixo da média. Exorcismos e Demônios certamente entra nessa classificação. Com direção assinada por Xavier Gens, o novo longa da Imagem Filmes não explora alguma nova ameaça no mundo terreno e só consegue assustar aqueles menos atentos aos claros alertas rotineiros de que há uma mudança drástica de volume e imagem prestes a ocorrer.

A história explora uma investigação na Romênia, bem no estilo O Exorcismo de Emily Rose sobre um padre e cinco freiras sentenciados à prisão após a morte de uma outra freira em que praticou um exorcismo. A jornalista investigativa, Nicole Rawlins (Sophie Cookson) americana se esforça para desvendar de fato se ele assassinou uma pessoa mentalmente doente ou se perdeu uma batalha contra uma presença demoníaca. A jornalista encontra auxílio no novo padre da cidade, Anton (Corneliu Ulici) e acompanha as pistas e revelações até chegar a raiz deste caso enigmático, baseado em fatos reais.

É a mesma história de sempre. Uma pessoa cética tem sua fé testada após uma situação traumática e tenta confirmar esse ceticismo mesmo vivendo momentos assombrosos. O roteiro não surpreende nesses pontos, apesar de construir uma história para cada personagem de alta relevância para o contexto. O que falta é algo inovador que possa interessar aqueles cansados da mesma história de exorcismo, e surpreender mesmo aqueles que jamais tiveram vontade de enfrentar seus medos.

A tentativa de aterrorizar e provocar arrepios só funciona nos que gostam de sustos fáceis e previsíveis. Não há nada de errado em preferir esse tipo de filme dos que utilizam terror psicológico, mas que pelo menos se mantenha a dignidade. O uso de um susto no computador relembra os antigos vídeos assustadores do Youtube, e usar isso em um filme é simplesmente preguiça de pensar em algo melhor. Caso queira se preparar: não confie nos silêncios.

O longa apresenta uma jornalista sem ética, que pula muros, entra sem ser convidada e que literalmente “faria de tudo por uma boa história”. Sophie Cookson representa esse papel sem muito roteiro e tenta demonstrar uma atuação esplêndida ou algo do gênero. Padre Anton entra no mesmo sentido e quem merece um pouco mais de destaque é Brittany Ashworth, que interpreta a freira Valduva, velha amiga desde a infância da exorcizada e cuja narração e atuação se sobressaem um pouco mais que o resto simplesmente por contar uma história e estar inserida nela, mais do que, aparentemente, os outros.

Algumas inconsistências podem ser encontradas no filme. Erros de continuidade ocorrem, diferenças na cor do cabelo da protagonista, mas o pior de todos vem quase no começo. Durante uma das primeiras entrevistas da repórter, Nicole encontra o médico legista que tirou fotos da traqueia (supostamente asfixiada por dentro) da jovem freira, entre outras partes internas do corpo. No entanto, poucos minutos depois, o velório está ocorrendo, e certamente não poderia ser uma cerimônia de caixão aberto devido não somente aos ferimentos faciais do exorcismo, mas com certeza por causa das autópsias realizadas. No entanto, lá está ela, a freira empalidecida, serena e sem nenhum arranhão aparente.

O que se pode dizer de Exorcismos e Demônios é que a facilidade com que os sustos são criados são a única razão pela qual alguém que realmente suporta esse tipo de método do cinema assistiria a esse longa. Infelizmente a história não compensa porque não propõem nada de novo ao exorcismo e tenta ser uma análise posterior aos acontecimentos, com flashbacks narrados por terceiros, no estilo O Exorcismo De Emily Rose, mas por não inovar de alguma forma, falha e se submete aos demônios do cinema ruim.