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“PARIS 8”: UMA VISÃO CRUA E ONÍRICA DA VIDA

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Para começar, é preciso dizer que Paris 8 é um filme para quem se identifica  com o estilo de cinema europeu e toda a sua pegada contemplativa e filosófica. O longa do diretor Jean Paul Civeyrac conta ao longo de seus 2 horas e dezessete minutos a história de Etienne, um jovem que se muda para Paris em busca de realizar o sonho de estudar Cinema. Lá, ele conhece Mathias e Jean-Noël, que possuem os mesmos objetivos que ele. Porem, com o passar do primeiro ano, o estudante percebe que, às vezes, as coisas não acontecem como o planejado. Esta é a linha central do filme que pode parecer muito simples e até pouco original uma vez que segue o roteiro básico de um filme “coming-of-age”, no entanto, a forma como a trama é contada é o que traz um novo olhar para os acontecimentos.

Neste quesito, o primeiro destaque é a fotografia em preto-e-branco, a qual, apesar de vir se tornando cada vez mais comum no cinema como um todo, ainda consegue agregar uma atmosfera menos prosaica ao roteiro. A ela, soma-se ritmo lento – não moroso – permeado por momentos silenciosos e reflexivos característicos da indústria cinematográfica europeia. E, nos momentos em que o silêncio é interrompido, surgem discussões acerca de questões filosóficas, culturais, sociais e até mesmo religiosas cheias de subtextos, ou seja, são estes debates intelectuais entre as personagens que geram toda a tensão e o investimento do espectador na trama.

E, tratando-se de um filme que fala sobre amadurecimento, é claro que um dos principais aspectos trabalhados é o sentimento de angústia, de agonia – o qual, em certos momentos, ganhas ares quase oníricos -, já que as conversas e indagações das personagens são cruas, secas, e não têm a pretensão de eufemizar as questões da vida – e não é como se o roteiro dissesse que o mundo não é um mar de rosas, o que ele diz é quase como “o mundo é um mar de rosas mortas e espinhosas”; isso acaba por gerar um considerável desconforto no público. E é justamente neste ponto que, talvez, pode-se apontar um defeito do longa: interpretações fracas – que pode ter sido proposital, como uma forma de representar justamente a inexperiência e inabilidade das personagens diante da vida real.

Assim, Paris 8 claramente não foi pensado para o grande público – o diretor Jean Paul Civeyrac não demonstra interesse algum em dialogar com grandes massas -, o que exige que o espectador tenha de se esforçar para imergir na história e tentar compreender os matizes das personagens e do enredo, mas este esforço de imersão é importante para criar um ponto de identificação com algum fator do longo, seja ele qual for. Por isso, mesmo que possa parecer um filme difícil de digerir para o público acostumado com as produções hollywoodianas, “Paris 8” pode ser uma experiência válida para os espectadores que já passaram ou estão passando agora pela entrada na vida adulta. Pode ser uma experiência catártica.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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