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Verdade ou Desafio: clichês nunca são demais

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A velha brincadeira de pré-adolescentes “verdade ou consequência” costumava ser um clássico em festas. As regras simples e a sujeição a contar a verdade ou participar de uma consequência ou “desafio” animava a imaginação de jovens desesperados por descobrir algo ou provocar situações boas ou ruins entre os participantes. A única coisa que pode deixar a brincadeira pior, é se um demônio impedir um grupo a sair da brincadeira sem consequências fatais. No novo longa da Universal Pictures dirigido por Jeff Wadlow, estudantes entra no jogo sem saber que a pior consequência será a morte.

O terror conta a história de um grupo de jovens estudantes da faculdade que viajam para o México no recesso da primavera, conhecido como ‘Spring Break’. Quando a inocente Olivia (Lucy Hale) e seus amigos Lucas (Tyler Posey), Markie (Violett Beane), Tyson (Nolan Gerard Funk), e mais três amigos começam a jogar Verdade ou Consequência, enganados por um estranho chamado Carter (Landon Liboiron), e passam a ser assombrados por uma presença sobrenatural. Eles devem sobreviver a cada rodada ou sofrer com as repercussões do mesmo, até descobrirem alguma forma de parar o jogo e a força demoníaca.

A princípio, a narrativa do filme relembra diversas outras de pouco sucesso como o terror 7 desejos, repleto de mortes toscas, e Unfriended, que além de mortes toscas ainda possui uma história sem profundidade ou expectativa em apresentar regras impossíveis de argumentar e seguir elas. No entanto este filme tem seu próprio modo de ser ruim. O CGI terrivelmente aplicado a cena, uma narrativa que não sai do lugar, e um roteiro fraco que não facilita as atuações rasas; tudo faz com que este filme seja um insulto ao gênero.

Além disso, há uma tentativa constante e forçada de se conectar com as novas gerações dizendo, por exemplo, que a estranha face contorcida em que o demônio aparece é como um “filtro ruim do Snapchat” ou ainda, as constantes piadas com o fato de Olivia ser uma youtuber. O esgotamento de tentativas “fáceis” em se livrar do demônio como “só escolher verdade” ou “passar o jogo para outro grupo” se revelam todas impossíveis de acordo com as normas estabelecidas pelo demônio. A investigação permitida por meio das redes sociais é irritante e forçada, o grupo utiliza o Facebook, e o Messenger para encontrar as pessoas relacionadas ao caos e tudo parece incrivelmente fácil graças a era digital em que estão inseridos.

O roteiro foi construído com uma linguagem que mastiga as informações para o público, ou seja, há muita preguiça em se tentar passar informações como o suicídio do pai de uma das personagens de forma sútil. Também foram inseridas frases de efeito como “eu te desafio” que tornam a única reação lógica a cada interpretação, um longo e exausto rolar de olhos. Apesar de Tyler Posey e Lucy Hale serem queridinhos desta geração por suas respectivas atuações nas séries de sucesso “Teen Wolf” e “Pretty Little Liars”, a atuação dos dois não excede a do resto do elenco, que também não impressiona ou consegue salvar as frases que precisam ser ditas por meio de alguma interpretação boa.

A narrativa acaba se mostrando mais comédia do que terror, o que pode agradar o público mais medroso. O diretor Jeff Wadlow está experimentando o gênero terror, mas claramente sai deste longa com muitas anotações e lições para aprender e tentar de novo no futuro. Uma delas sendo a construção de jumpscares, normalmente um som muito alto, seguido pela imagem que explica o que provocou o som (normalmente algo falsamente assustador). O diretor trocou a ordem na sala de edição e acabou colocando a imagem antes do som, o que derrota a intenção de assustar já que com a imagem primeiro, revela que o susto é falso antes mesmo de tentar provoca-lo com um som mais alto.

Pelo menos há uma tentativa em fazer o final algo surpreendente. No entanto o caminho até lá é tão desgastante que não há como perdoar uma história ruim, só por ter um final meramente diferente (porém não inovador). Em Verdade ou Desafio, a verdade é que o filme é um enorme e horrível clichê do tipo “jovens burros entram em enrascada demoníaca da qual não encontram saída possível” e o maior desafio parece ser conseguir sair da sala de cinema sem reclamar do quanto teve que pagar para assistir a ele.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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