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Auto de Resistência: um retrato da violência e ineficiência da segurança carioca

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Por Tarsso Freire Sá:

O documentário nacional, Auto de Resistência, dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho é muito bem elaborado, a obra narra histórias de jovens assassinados por membros da Polícia Militar do Rio de Janeiro que usam como justificativa o auto de resistência, um termo que significa legítima defesa. A narrativa mostra o lado das famílias dos jovens mortos, jovens que sobreviveram a ações da polícia militar, e também sessões de CPI’s e julgamentos de PM’s acusados.

Vários casos de mortes por “auto de resistência” são acompanhados pelo documentário, um deles é a Chacina de Costa Barros. Caso ocorrido em 2015 em que cinco rapazes de 16 a 25 anos foram mortos sem motivo aparente por policiais com 111 tiros de fuzil. O caso foi tão televisionado pela mídia que as investigações levaram a uma reconstituição do ato para perícia. Outro é o caso da morte do jovem Jonathan da favela de Manguinhos, morto com um tiro nas costas por um PM. A mãe de Jonathan luta com outras mães que perderam seus filhos por ação da PM.

Os diretores deixam claro seu posicionamento, quando ao assunto, não levantam nenhuma bandeira específica, mas é possível notar pra que lado eles tendem. Passado através dos closes em figuras políticas como o deputado Marcelo Freixo, o deputado Flávio Bolsonaro e o ex-secretário de Segurança Pública do Rio, José Beltrama. O estilo narrativo deles apela muito para emoção, capta bem a dor das famílias e sobreviventes. Contando também com rápidas aparições da falecida vereadora Marielle Franco, coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro,  assassinada em março deste ano. Marielle prestava auxílio jurídico e psicológico a familiares de vítimas de homicídios ou policiais vitimados.

É claro que a morte da vereadora deu um peso extra a esta obra, mas sem ela sua razão não se perde. Os casos relatados por ele, e os outros que não são arquivados imediatamente, sequer chegam perto de 10% do número absurdo de homicídios por conta da PM que usam o termo “auto de resistência” como motivo. Um alerta e denúncia sobre como a comunidade pobre e negra sofre constantemente com a violência e racismo que o próprio Estado enterra sob toneladas de papéis burocráticos. Hoje o Rio de Janeiro vive uma Intervenção Militar Federal por conta da ineficiência das políticas de segurança do estado. Infelizmente, os mais fracos e indefesos ainda sofrem.

O conceito de direitos humanos vem desde 500 A.C. que aos poucos foi evoluindo até 1948, quando a Organização das Nações Unidas aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos são garantias de proteção das pessoas contra ações ou falta de ações dos governos que possam colocar em risco a dignidade humana. Eles defendem quem não tem defesa, os maios fracos e mais vulneráveis. No Brasil, o conceito foi deturpado para apenas a defesa de bandidos, pobres ou negros. Como disse a advogada de defesa de um policial acusado de matar um jovem sem uma justa causa.

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