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Egon Schiele – A Morte e a Donzela: quando o abuso se disfarça de genialidade

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Por Tarsso Freire Sá:

Por séculos, e até hoje, inclusive, Viena foi o berço da arte, beleza e música. Cidade arquitetada no estilo Gótico Medieval, e lar de nomes imortais como Mozart, Beethoven e Schubert. E também foi a cidade em que faleceu Egon Schiele, vítima da Gripe Espanhola, em 1918.

Egon foi um pintor de estilo expressionista, conhecido também por suas aquarelas e pinturas eróticas. O filme começa mostrando a relação, de certo ponto de vista, estranha do pintor, representado por Noah Saavedra, com sua irmã Gerti, interpetrada por Maresi Riegner. Egon foi expulso da Academia de Artes de Viena, supostamente por indisciplina, desde então tem usado sua irmã como modelo, inclusive para nu artístico. A narrativa do filme funciona por meio de flashbacks. Começa com Egon doente, e transita com o passado. As aquarelas que fez da irmã, um grupo artístico que participou e por ai em diante.

O diretor do filme, Dieter Berner, faz bom uso da câmera, dando a ela movimentos fluídos. Quase como o movimento de um pincel. A  trilha sonora de André Dziezuk, cria um tema para o filme usando um piano leve e violinos muito presentes, com muitos dedilhados.

Desde o começo dá pra notar a relação que Egon tem com as mulheres, e com sua própria arte. Ele se faz de um estilo de vida liberal que não é do agrado da sociedade austríaca do início do século XX. Ele pintava homens e mulheres, e incluindo crianças, o que só lhe causou problemas. O roteiro tenta se manter do lado do gênio provocativo, que vive meramente pela arte, mas Schiele chega perto de abusos claros.

Seus atos, principalmente para com as mulheres, mostra que elas são necessidades. Como o álcool é uma necessidade para um alcoólatra, Egon precisa de uma modela para pintar, já que se não o fizer morreria, como ele mesmo diz. Até mesmo com o que foi considerado o amor de sua vida e musa do quadro “A Morte e a Mulher”, Wally. Ele nunca as amou, ele depende delas pra pintar.

Querendo ou não, o longa acaba por suavizar o tratamento abusivo que Egon tinha para com todos, principalmente mulheres, com a desculpa de um gênio incontrolável. Sim, Egon era um gênio e um incrível artista. Mas genialidade, não é desculpa para abuso.

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