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“O Homem do Princípio ao Fim” no Parque das Ruínas

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No final da década de 1950, o Brasil passou por um intenso processo de transformação cultural com o advento da Bossa Nova. Em 1960, João Gilberto lançou o LP “O amor, o sorriso e a flor” e irradiou a batida da bossa pelo planeta. Nem parecia que, quatro anos mais tarde, o Brasil seria golpeado por uma ditadura militar que, ao longo de duas décadas, calou vozes e vidas. A flor, porém, não murchou. Reapareceu como metáfora da vida na mesma década de 1960, na peça “O Homem do Princípio ao Fim”, de Millôr Fernandes, que ganha nova encenação no Parque das Ruínas nos dias 15, 16 e 17 de agosto. As apresentações serão às 19h.

Escrito pelo carioca de múltiplos talentos nascido no bairro do Méier e já encenada por artistas do porte de Fernanda Montenegro, “O Homem do Princípio ao Fim” volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ) neste agosto de 2018 com o selo da Companhia Artística Os Forasteiros. Sob a direção do premiado Léo Ferreira e com atuação de Fábio Limah, paraenses radicados no Rio, o monólogo combina artes cênicas com vídeos e projeções, sendo a linguagem multimídia uma das tessituras da encenação. No palco, o ator interage com diversas plataformas midiáticas, com a voz da atriz e cineasta Célia Maracajá e com a baterista Lúcia Lopes, da primeira formação da banda “Sempre Livre”, sonoplasta do espetáculo convertida em personagem.

Em um cenário de intervenção militar na capital carioca, do assassinato da vereadora Marielle Franco e de retrocesso na discussão das liberdades individuais, “O Homem do Princípio ao Fim” continua atual. O estilo fragmentado do mordaz texto de Millôr é emoldurado, na encenação da Companhia Artística Os Forasteiros, pela estética da pop art, cujo principal expoente, Andy Warhol, registrou para a posteridade um colorido retrato frontal da atriz Marilyn Monroe. A mesma Marilyn cuja morte é abordada com a sensibilidade inteligente de Millôr nas páginas de “O Homem…” – ou seria a morte da onipresente Elis Regina?

É com essa liberdade de interpretação que “O Homem do Princípio ao Fim” ganha vida novamente no palco do Parque das Ruínas. E com a sensação esperançosa de que amanhã vai ser outro dia, como cantou Chico Buarque, poeta também presente na nova encenação. O importante é cultivar a esperança de que sempre haverá uma flor por desabrochar – se é que há alguma lição de moral nos escritos de Millôr. A moral, afinal, é tão desviante quanto a linearidade da história.

Serviço
Espetáculo “O Homem do Princípio ao Fim”
Dias 15, 16 e 17 de agosto | 19h
Centro Cultural Parque das Ruínas (Rua Martinho Nobre, 169, Santa Teresa)
Ingressos R$ 30 | Meia $15
Classificação 18 anos

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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