Carmen: Um regalo aos olhos do espectador e um exposição de comportamento luxuriante

Foi uma experiência encantadora ver Flávio Tolezani, Natália Gonsalez e Vitor Vieira em uma trama que vai além do esperado, que nos faz mais que pensar, apreciar ou simplesmente assistir. Nós nos identificamos com as personagens e com o drama posto.

O encenador Nelson Baskerville compreende exatamente a questão da vida pós-moderna e a essência do submundo. O espetáculo, que chega ao Rio depois de uma bem sucedida temporada em São Paulo, tem a garra e a qualidade para enfeitiçar públicos mundo afora. É padrão internacional no palco, seja pela excelente proposta estética ou pelo fôlego dos atores a cada palavra, a cada passo de dança, a cada olhar entre eles.

A produção é uma bem-cuidada iniciativa, de extraordinário esforço conjunto, de uma equipe inteligente e de uma performance potente. Três seres humanos importando-se com a vida, independente de regras, leis, da ditadura do vazio exterior. O que importa é o desejo, as vontades das pessoas. Desde a dança flamenca ao içar por cabo da personagem feminina, “Carmen”, tudo é um regalo aos olhos do espectador e um exposição de comportamento luxuriante, na maior parte do tempo.

Os espectadores fracos podem não estar preparados para obra de Arte tão titânica. Assim, somente os olhos mais especializados devem abrir seus corações para a história do triângulo amoroso no qual o aparentemente homem mais forte cede pelo bem do outro, de Carmen e de seu amante de cabeça de touro.

As cores da cena são mormente rubras, a cenografia feita de ferro mas simples, sem desperdícios com o irrelevante, sem uso excessivo de recursos. A luz e a trilha sonora cabem perfeitamente. Contudo, uma vez mais vos aviso: olhos fracos não devem ousar assistir.