Tá Rindo do Quê? retrata a dificuldade de se fazer humor na época da ditadura militar

Por Mayara Marcollino:

O documentário traz uma época de perseguição e liberdade limitada da forma mais humorada possível, mesmo com uma rígida censura pressionando jornalistas, radialistas, programas de televisão e artistas a falarem sobre qualquer assunto que não seja sobre política.

O filme conta com a direção de Alê Braga, Alvaro Campos e Cláudio Manoel os quais reuniam um acervo histórico em forma de áudios, jornais, desenhos, fotografias e vídeos. Durante todo o documentário há uma exaltação aos grandes nomes do humor, no período em que rir era um privilégio, em meio a tantas censuras.

“Entre o riso e a lágrima há apenas o nariz. ” Millôr Fernandes

Grandes nomes são destacados durante todo o documentário, entre eles os que mais se destacam são Millôr Fernandes, Chico Anísio, Manuel de Nóbrega, Lúcio Mauro, Dercy Gonçalves e Jô Soares. Importante dizer, que não são apenas citados, grande parte de seus trabalhos durante a época de ditadura também são expostos.

Tá Rindo do Quê? Fala sobre a constante censura e de como era difícil produzir conteúdo que não deixasse o espectador alienado perante a todos os acontecimentos, sem que o houvesse as punições severas pelos militares. É possível identificar a evolução do humor durante o período, que utilizou de jornais como forma de protesto através de quadrinhos e textos com conteúdo subentendido, até ao humor mais pastelão que possui o intuito não de desorientar o espectador da realizada, mas apenas de retirá-lo da inconstante realidade que viviam parar rir a pesar dos pesares.

A narrativa pode ser cansativa para quem não está acostumado com documentários, mas será um prato cheio para os fascinados por histórias e principalmente sobre a história brasileira. A ausência de alguns humoristas, ou até mesmo a breve citação de outros podem vir a ser incomodo, entretanto devemos lembrar que como toda história, ela deve ser limitada a contar apenas o período à que se propõem. Então, não seja tão severo com a história, que nem mesmos os próprios autores tiveram total autonomia para escreve-la, e meio a tanta censura, mas se desempenharam ao máximo para poder contá-la.