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Minha Obra Prima, de Gastón Duprat, chega aos cinemas

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A amizade entre opostos é um tema que sempre rende frutos no cinema e o mais recente exemplo disso é a comédia argentina Minha Obra Prima, de Gastón Duprat. A produção conta a história dos amigos Arturo (Guillermo Francella), um galerista de caráter discutível, dotado de uma visão quase puramente mercadológica, e Renzo (Luis Brandoni), um artista idealista e de pouco traquejo social, que, muitas vezes, esquece que o básico para se viver custa dinheiro. Assim, o posicionamento divergente dos dois dá origem a situações tragicômicas – uma das especialidades do cinema argentino -, principalmente, quando os dois bolam um plano mirabolante para se dar bem.

Com isso, o primeiro acerto do filme é a construção de suas personagens, pois Renzo tinha tudo para ser uma criatura odiável por sua postura pessimista e revoltada com a precificação da arte, rejeitando de formas criativas, porém infames, todos os seus candidatos a aprendizes e falido em todos os seus relacionamentos amorosos. Por outro lado, há Arturo, um verdadeiro poço de paciência quando se trata do velho amigo; apesar de todas as situações, no mínimo, complicadas nas quais Renzo já o colocou com sua teimosia e visão anti-capitalista, o galerista está sempre à procura de maneiras de impedir que o artista acabe com a própria carreira ao mesmo tempo em que tenta agradar seus potenciais clientes.

Além disso, o roteiro ainda é muito perspicaz, dando igual peso às duas personagens principais enquanto promove diversas discussões interessantes e pertinentes, em especial, acerca do mercado de arte – muitas vezes, retratado como um meio plástico, hipócrita e tóxico, no entanto, o grande acerto do longa é justamente não negar estas características já instaladas no imaginário coletivo da população mundial, mas tratar destes aspectos de uma forma leve e instigante, deixando ao longo do caminho pistas e pontas que o espectador deve seguir para acompanhar a principal virada da trama, que envolve um questionamento sobre o momento em que uma obra de arte se torna ainda mais valiosa.

Soma-se tudo isso à excelente dobradinha formada por Francella e Brandoni e o resultado é um exemplar muito bem sucedido de um “filme-que-fala-sobre-arte”, um filão que já foi retratado tantas vezes em todos os gêneros do cinema – sendo o mais recente título, o discutível “Velvet Buzzsaw”, da Netflix -, que a temática, por si só, já se tornou um clichê. Ou seja, Minha Obra Prima” é uma bem realizada união de fatores: dois atores extremamente talentosos em cena, munidos de um roteiro certeiro permeado por diálogos afiados tão característicos do cinema argentino, tudo isso capturado de forma sagaz pelo diretor, provando que a grande questão não é um tema desgastado, mas a abordagem que se dá a ele.

 

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