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Mostra Warren Beatty: Uma Rajada de Charme tem entrada gratuita, no MAM

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Mostra comemora o aniversário do Warren Beatty, que no próximo dia 30 de março fará 82 anos. Ele abençoou a mostra, mas não quis dar entrevista. Segundo ele: “Nunca gostei de dar entrevistas, não tenho mais nada a dizer e os meus filmes falam por mim, mas fico feliz pela lembrança do meu aniversário. Eu desejo ótimas sessões para todos”.

Na abertura, Ana Rodrigues, da ACCRJ, e Hernani Heffner , da Cinemateca do MAM, farão uma introdução sobre a importância do Warren para o cinema. A Mostra ainda conta com uma bela exposição com o material de arquivo da Cinemateca.

Com a morte de James Dean, em 1955, Hollywood se desesperou por um ídolo popular juvenil à altura do ícone transviado e testou toda sorte de candidatos a namoradinhos da América. “Irmão contra irmão” (1958) apontou John Cassavetes (1929-1989) como solução para a seca de jovens inquietos. Mas, naquele ano, este já estava às voltas com um projeto de se tornar um cineasta gauche, filmando “Sombras”. Não era o que a Meca do entretenimento queria. Eis que o irmão da atriz Shirley MacLaine surgiu como “a” alternativa: Henry Warren Beatty vinha de incursões na TV quando testou seu carisma em “Clamor do sexo” (1961). Estava nas mãos do mesmo Elia Kazan que esculpiu a fama de Dean. Seu sorriso ajudou o longa-metragem a arrecadar US$ 8,7 milhões, à força de sua química com Natalie Wood. Era uma história sobre virgindade, e ele fez dela algo universalmente trágico. Era bonito, gestualizava improvisos, e imprimia sutileza nos diálogos. Um astro nato. Era a saída ideal para os estúdios, reafirmando sua chama em “O anjo violento”, que deu a John Frankenheimer uma indicação à Palma de Ouro, em 1962. Fez bonito ainda em “Lilith” (1964), de Robert Rossen.

Não haveria ninguém melhor do que ele para estrelar um experimento godardiano que aproximasse a (ainda) velha Hollywood da Nouvelle Vague: “Mickey One” (1965), de Arthur Penn. A premissa provocativa de fazer um filme que não estivesse refém do código de causa e efeito do cinemão dos EUA atraiu o garotão. Era um experimento em que o protagonismo era da linguagem fílmica. Ninguém entendeu bem o que Penn queria, à época, mas a indústria sacou que Beatty traíra o pacto do estrelato descerebrado. Mesmo associado à fama de garanhão, ele não deixou a pecha de mulherengo brilhar mais do que seu desejo de desafiar convenções: é a consciência valendo, à esquerda, democrata. Graças a ela, Beatty fez de Clyde Barrow, assaltante dos dias de Lei Seca, um mártir em “Bonnie e Clyde: Uma rajada de balas”, de seu amigo Penn. Nascia ali a Nova Hollywood, com engajamento ético.

Provocador, Beatty virou o muso daquele movimento, emprestando charme a cineastas como Alan J. Pakula (“A trama”), Robert Altman (“O onde os homens são homens”) e Hal Ashby, com quem desmistificou seu arquétipo macho alfa em “Shampoo”, comédia de 1975 que ele transformou em sátira política. A lição desses mestres ele levou para sua obra como realizador, iniciada em 1978 com “O céu pode esperar”. É uma crônica de costumes de tom marxista, sobre ricos e pobres. Ele seguiu no marxismo em “Reds”, sobre a Revolução Russa, pelo qual ganhou o Oscar de direção. Voltaria ao “Capital” em “Politicamente incorreto” (1998) e “Regras não se aplicam” (2016). Pulou Marx só em “Dick Tracy” (1990), no qual prestou tributo a uma HQ de sua infância e à Hollywood clássica que fez dele mito. Mito avesso a expectativas, aberto à grandeza e à grandiosidade.

SERVIÇO
Warren Beatty – Uma Rajada de Charme
Cinemateca do MAM
De 25 a 31 de março
Ingressos gratuitos
Cinemateca do MAM (Av. Infante Dom Henrique, 85 – Praia do Flamengo)

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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