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Pastor Cláudio: Documentário crítica a Lei da Anistia

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Com roteiro e direção de Beth Formaggini, Pastor Cláudio é um documentário no qual se entrevista  Cláudio Guerra, atualmente um pastor evangélico, que durante a ditadura foi delegado pela Usina Açúcar Cambaíba, em Campos dos Goytacazes, usada pelo governo militar como crematório de mortos declarados inimigos do Estado. O ex-delegado conta em detalhes vários fatos na qual participou, e até bastidores das forças por trás da ditadura brasileira.

Existem dois pontos a serem comentados sobre a obra: o técnico e o reflexivo. A parte técnica deixa a desejar, seja na direção, edição, montagem, e até no roteiro. O filme inteiro é no fundo uma entrevista de uma hora e 15 minutod, em que o entrevistado fala sobre ponto que o entrevistador (neste caso, o ator Eduardo Passos) vai narrando as situações. A direção se faz falta à medida que não há uma condução clara dos personagens. Por muitas vezes, Cláudio se perde na fala, ou não lembra de nomes, ou troca assunto, o que seria facilmente resolvido por cortes, e montagem para criar um linha única e focada para cada assunto. A falta disso faz com que o expectador se perca não só na narrativa, como também perca o interesse, sua atenção divaga nesses momentos, porque não são realmente interessantes. O roteiro falha na medida em que cita fatos que não fazem diferença. Em determinado momento, se pede que Cláudio faça uma simulação de um assassinato que cometeu. Simulação essa em que é o próprio Cláudio em pé com a mão em forma de arma, narrando o fato. Não era necessário para a narrativa.

 É muito curioso o meio como ele relata tais acontecimentos (como o assassinato da estilista, Zuzu Angel, e o do jornalista de Vladmir Herzog, sem contar dos vários corpos que ele queimou e não sabia quem eram) de maneira muito calma e controlada. Aos poucos ele vai contanto que apesar de não concordar, ele seguia suas ordens, era leal e não questionava. Em sua mente, ele estava sendo patriótico, e conquistando glória. O que lembra a Banalidade do Mal que a filosofa Hannah Arendt escreveu (que inclusive também faz parte da bibliografia da obra). E é claro que existe os fatos chocantes sobre a ditadura., como ataques a bomba forjados tentando incriminar a movimentos de esquerda (alguns falsos também) na tentativa de conseguir o apoia da opinião pública. O ponto mais surreal, pode-se dizer, é o que Cláudio chama de Irmandade. Um grupo de empresários da alta elite que tomam decisões sobre o país, e que arquitetaram o golpe militar e a Lei da Anistia. Nada é comprovado, então pode ser só uma teoria de Cláudio.

O fato é que o filme é muito instrutivo, e cria um ótimo debate. Contudo, é necessário interesse forte, pois as falhas técnicas podem dispersar o público.

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