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Tudo o Que Tivemos utiliza de ironia, humor para refletir sobre a vida

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Algo que é quase uma unanimidade é que toda família tem histórias boas para serem contadas. Não à toa, dramas familiares são quase uma constante não apenas no cinema, mas no teatro, na televisão e na literatura também. E, algumas vezes, estas linguagens acabam por se misturar, como é o caso do longa Tudo o que Tivemos. A trama acompanha uma família em crise que se reúne por causa da condição de saúde da matriarca, que sofre de uma doença degenerativa. Cada membro tem sua própria personalidade, seus próprios problemas e sua própria opinião sobre o que deve ser feito: manter a mulher em casa ou manda para uma casa de repouso. E é a partir disso que o enredo se desenrola, baseando-se no diálogo e na movimentação das personagens.

Nesta dramédia independente, Hilary Swank interpreta a filha, Bridget, que vive um casamento morno e enfrenta problemas com a própria filha adolescente, Emma (Taissa Farmiga); Michael Shannon dá vida ao irmão de Swank, um homem um pouco fechado e bruto – uma das especialidades do ator. Já Robert Forster é o patriarca da família – uma personagem aquém de seu talento, o qual não deixa a atuação cair no campo da rabugice, evitando a antipatia do público. E Blythe Danner é o maior destaque da produção, dando vida à idosa com problemas de memória, que, apesar do tipo batido na dramaturgia, não cai em estereótipos fáceis, conquistando facilmente o espectador com seu carisma.

Com isso, é óbvio que o elenco é mais do que competente e precisa apenas de um bom texto para trabalhar – e isso também está presente. Os diálogos são bem elaborados e não permite que as personagens se tornem unidimensionais, utilizando-se de ironia, humor e reflexões para levar a história para frente. Aliás, são os diálogos que ajudam a amenizar o viés formulaico do roteiro, que alterna constantemente a leveza cômica e o drama, como uma forma de contrabalancear o teor da produção – o que já é a receita básica das dramédias, ou seja, é um sistema funcional. Assim, é por meio desse modus operandi que o longa faz suas discussões acerca dos laços e compromissos familiares: “amar significa assumir compromissos” – esta frase, presente inclusive no trailer, é dita mais de uma vez no filme.

O discurso pode parecer piegas e até mesmo conservador, no entanto, a trama consegue promover uma quebra de expectativa no terceiro ato, o que é um ponto a favor da produção, a qual tem que se basear quase que exclusivamente em roteiro e atuação, uma vez que a direção pouco criativa de Elizabeth Chomko pode ser definida como funcional por se apoiar quase o tempo todo em plano/contra-plano, muito focada nos rosto e na movimentação exata dos atores no enquadramento. Soma-se este fato ao aspecto verborrágico do enredo e o público fica com a sensação de que esta história se adaptaria muito melhor ao teatro ou a uma minissérie televisiva do que ao cinema – e isso poderia ter sido evitado com uma direção mais ambiciosa que não se limita a transformar texto em imagem de forma básica.

Apesar disso, Tudo o que Tivemos é um bom filme, o qual possui dois fortes elementos: roteiro e elenco – inclusive, a atuação de Hilary Swank vem sendo elogiada, o que é uma esperança para os fãs da atriz que passa por uma fase de menos prestígio na carreira após ganhar seu segundo Oscar de Melhor Atriz em 2004 por “Menina de Ouro” –, enquanto os outros aspectos técnicos se limitam a fazer o indispensável trivial, o que atribui um caráter prosaico à trama, que, por, no atual contexto sócio-político mundial, discutir oposição de idéias, mesmo que em um microcosmo, claramente, tinha potencial para bem mais.

 

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