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A Juíza: Documentário sobre Ruth Bader Ginsburg relembra sua trajetória

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Sem dúvidas, uma história que ganhou repercussão ao longo do último ano foi a de Ruth Bader Ginsburg, a primeira mulher a integrar a Suprema Corte americana. Enquanto, no começo do ano, sua cinebiografia chegou aos cinemas estrelada por Felicity Jones, agora, o documentário indicado ao Oscar 2019 entra no circuito comercial, trazendo para o quadro a própria magistrada para relembrar sua trajetória, que começou a ganhar notoriedade nos anos 70.

Assim, a fim de demonstrar a relevância do trabalho de Ruth, o longa – dirigido por Julie Cohen e Betsy West – estabelece paralelos entre as ações da juíza e o período histórico em que elas foram tomadas, para contextualizar os passos de uma carreira tão influente social e politicamente, uma vez que, desde seus primeiros anos como advogada, RBG lutou contra a discriminação de gênero em um ambiente majoritariamente masculino.

Aliás, o documentário mostra que esta luta começou muito antes, quando Ruth era uma das nove mulheres dentre os mais de 500 alunos da Faculdade de Direito. Então, é claro que, tendo esta vivência, a magistrada foi responsável por inúmeras mudanças e avanços nas leis estadunidenses em prol de equidade para as mulheres, o que faz com que ela seja tanto uma referência quanto uma inspiração para qualquer pessoa de caráter progressista.

Mas, se por um lado, o longa mostra a profissional com um dom natural para dialogar com opositores, a vida pessoal também não é deixado de lado – o trunfo está em como as diretoras conseguem equilibrar estes dois âmbitos e mostrar uma pessoa real. E a presença de Ruth – mais do que a de testemunhas de seu trabalho, amigos e familiares – é essencial para o resultado seja certeiro.

Desta forma, a voz calma e comedida, mas firme, de Ruth é a narração perfeita tanto para que o público consiga entender como aquela mulher vanguardista consegue tamanho respeito até mesmo de seus principais opositores, quanto para abrir o escopo familiar da mulher atrás da lenda. Com isso, as diversas falas acerca do falecido marido – o advogado Martin D. Ginsburg, que se diferenciava dos outros homens da época por ver a importância do trabalho de Ruth e dividir as tarefas domésticas para que ela pudesse se dedicar à carreira – são alguns dos momentos em que Ruth mais se emociona.

O documentário muito bem dirigido, com um riquíssimo material de pesquisa e que apresenta em seu centro uma história única e, acima de tudo, necessária – em especial, nos dias de hoje. É uma produção apurada que faz jus à sua personagem principal, uma mulher que sempre buscou o progresso, mas por compreender que a sociedade não é adepta de mudanças bruscas, abriu caminho até o núcleo do sistema para, gradativamente, promover a transformação.

 

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