Produção Netflix, “Special” trata com leveza temas relevantes, que ainda são tabus na sociedade

Se, para alguns, lidar com a própria sexualidade – em especial no ambiente de trabalho – já é uma tarefa complicada, o que fazer quando, além disso, você ainda tem que lidar com o estigma da paralisia cerebral? Pois então, esta é exatamente a temática da série “Special”, nova comédia do catálogo da Netflix. Produzido e estrelado por Ryan O’Connel, o seriado aborda tanto a vivência sócio-sexual do homem gay quanto esta experiência para um portador de PC moderada.

Assim, a produção acompanha o dia-a-dia de Ryan Hayes, uma espécie de alter ego do criador, que, assim como este, sofre um acidente de carro pouco antes assumir uma vaga de estágio em uma revista digital, e, por causa de sua dificuldade assumir sua paralisia cerebral, ele tem a ideia de usar o ocorrido como uma desculpa para algumas de suas limitações físicas, o que estabelece o principal trunfo da série: a oposição entre a PC e a homossexualidade.

Ryan não tem problemas em falar sobre sua condição sexual, mas, por outro lado, não consegue lidar com a paralisia cerebral com naturalidade. E, com isso, o seriado também aborda outro tema interessante: a maneira muitas vezes superficial com que a comunidade gay masculina se relaciona, colocando atributos físicos como prioridade e excluindo qualquer um que fuja deste padrão. A produção mostra Ryan tentando quebrar este ciclo e o segundo armário que ele mesmo criou para sua deficiência.

Com isso, “Special” é uma série leve que tem uma estrutura de crônica, mostrando recortes da vida de Ryan em 8 episódios de 15 minutos – o formato, às vezes, não permite um grande desenvolvimento, mas O’Connel já confirmou que a segunda temporada terá episódios mais longos – sem olhar seu protagonista em um coitado, mas como uma pessoa real capaz de ter uma vida sexual normal, que apresentam qualidades e falhas como qualquer um.