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Encontros desconstrói a estrutura das comédias românticas

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Rémy (François Civil) e Mélanie (Ana Girardot) moram em Paris, são vizinhos e têm de lidar com a solidão de se viver em uma cidade grande, cada um à sua maneira. Enquanto ele não tem disposição para conhecer novas pessoas, ela é uma heavy user de aplicativos de relacionamento, tendo um ritmo frenético de encontros casuais. Apesar de não se conhecerem, os dois têm muito em comum e parecem ter o mesmo objetivo, mas, para alcançá-lo, precisarão de uma dose de autoconhecimento.

              Esta é a sinopse do novo filme de Cédric Klapisch – diretor dos longas “O Enigma Chinês”, “Bonecas Russas”, “Albergue Espanhol” -, que pode ser definido como uma dramédia romântica sobre a solidão – ou os diversos tipos de solidão – do mundo moderno, causada, em grande parte, pela tecnologia e pelas relações virtuais, uma vez que tanto Rémy quanto Mélanie estão em busca de um relacionamento, porém ela é levada pela efemeridade do mundo virtual e ele se sente um deslocado em ambos os mundos.

              Desta forma, os dois seguem suas vidas sendo pessoas solitárias em um quadro depressivo. Por isso, o maior trunfo da produção é seu senso de humor – aquele inconfundivelmente francês -, muito presente das sessões de terapia de cada um e nas posteriores reflexões e consequências delas – um exemplo disso é o sonho de Mélanie no qual todos os homens com quem já saiu começam a surgir, nus, e, por fim, a mãe dela também aparece.

              Muito disso se deve também ao desempenho do elenco. Os dois protagonistas, cada um ao seu modo, são muito cativantes. Rémy tem uma inabilidade social muito realista e carismática, já Mélanie tem o nível certo de inconsequência para não se tornar irritante. E as personagens secundárias também são muito boas – com destaque para Camille Cottin e François Berléand, que interpretam os terapeutas da dupla principal, e Eye Haïdara, um pouco subaproveitada.

              Por fim, Encontros é uma crônica urbana sobre a juventude na geração Tinder que desconstrói a estrutura clássica das comédias românticas, utilizando, assim, poucos clichês do gênero e os que estão presentes são, pelo menos, bem executados e ajudam a contrabalancear a carga dramática do enredo – que nada mais é do que o outro lado da mesma moeda -, resultando em uma produção divertida e que promove uma boa reflexão sobre as relações contemporâneas, suas causas e consequências.

 

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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