A Grande Mentira – Longa britânico se transforma em trama surpreendente

Roy (Ian McKellen) e Betty (Helen Mirren) são dois idosos que se conheceram em um site de relacionamentos, eles começam a se encontrar e criam uma relação íntima entre si. O que Betty não sabe, é que seu amigo é um golpista de longa data, inescrupuloso e perigoso, que vai tentar arrancar tudo que ela tem, enquanto Roy vai descobrir que o buraco é mais em baixo.

Baseado no livro homônimo de Nicholas Searle, A Grande Mentira conta em tom leve, um amor conturbado entre dois sexagenários, mas o buraco é mais embaixo. Essa frase, o buraco é mais embaixo, reflete o filme por si só. Como muitos filmes europeus, este não tem pressa em contar sua histórias, apesar de ter poucas cenas, elas são longas e muito bem estruturadas. A medida que a trama se desenvolve, vai mostrando seu verdadeiro conteúdo denso e pesado.

No elenco também estão presentes atores como Jim Cartes, tão experientes quanto os protagonistas, McKellen e Mirren mostram todo seu poderia de atuação. Ora são velhinhos fofos e engraçados, até que sua expressão morre e revelam a natureza terrível da humanidade. Ian McKellen consegue criar sentimentos no público que fica difícil acredidar que este senhor tão gentil poderia causar tanto. Um elemento excelente, principalmente graças a direção de Bill Condon, é o contexto histórico da Segunda Guerra Mundial que a obra tem. Em determinada cena, os personagens estão na cidade de Berlim perto do magnifico Portão de Luxemburgo. Essa inserções históricas, por mais pequenas que sejam, servem para mostrar que a maldade não se resume ao maniqueísmo da Segunda Guerra, nem todos os Aliados eram homens bons e de moral, e de novo, sim eu sei que me repito, nos damos conta que o buraco é mais embaixo. A trilha sonora de Carter Buwell trás um ar de mistério e vai se alterando junto com a trama, tornando-se densa e obscura.

Seu ritmo lento pode incomodar o espectador. E quando a revelação final é feita pode ser que soe sem sentido, mas a medida que o filme é digerido, as peças vão se conectando, os personagens são desmontados e tudo começa a fazer sentido.