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Renata Pinheiro e Sergio Oliveira levam as telas a ancestralidade dos escravos

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Bethânia (Maeve Jinkings) é herdeira de um imenso Engenho dentro da Zona da Mata, mesmo estando bem distante da sua realidade, ela tenta cuidar da propriedade da família. Ao passo que ela tem que lidar com o povo da área que quer muito aquele lugar para florescer e prosperar nos investimentos turísticos. Zé Maria e Alessandra (Dandara de Moraes) vão usar todo poder de sua ancestralidade para se livrar da herdeira.

O âmago do filme lida com a relação escravista moderna, muito bem representada. Os escravos foram libertos e tiveram a chance de criar suas próprias vidas, essa é a história contada, quando na verdade os escravos foram chutados para sarjeta. Os escravos aprenderam a sobreviver e a florescer e isso começou a incomodar os velhos donos de engenho que se incomodam, porque a genitália tem que ficar no lugar dela. O motivo de eu estar fazendo todo esse recorde histórico é porque essa mesma situação se repete todos os dias mesmo que seja invisível aos novos olhos. O longa tenta ser bem, bem expositivo nesse sentido, é uma realidade difícil de ser ver muitas vezes.

A protagonista, Bethânia, criar seu visual para negar tudo que ela é. Ela alisa o cabelo, se enche de maquiagem, jóias, nega ajuda e também acha que tudo que recebe é porque mereceu. Ao passo que ela também não tem sucesso em nada, e quando sua madrinha surge fica bem claro como ela é um pária. Branca (Magali Biff) é um rica senhora de São Paulo, que mesmo ajudando sua afilhada, ela sabe que são de castas bem diferentes. Tanto Zé quanto Alessandra tem total noção que essa mulher não é nem um pouco sua amiga, e sabem que ela é só uma dona de escravos moderna.

Esses elementos são bem expostos no longa, como já dito, porém o roteiro assinado por Sérgio Oliveiro e Renata Pinheiro, que também são co-diretores, tem apenas este acerto, porque eles não se desenvolvem em muito mais coisas. Ou melhor dizendo, tudo fica muito subentendido, deixando a narrativa incerta demais, é necessário que haja pilares principais no roteiro que falem o necessário, enquanto o público vai criar suas soluções.

Já na fotografia, Açúcar  usa planos desfocados para criar figuras disformes e que geram um ar de horror para o filme. Essas figuras fantasmagóricas criam possibilidades para o público: será que essa propriedade é maldita? Será isso uma praga que Alessandra e Zé Maria estejam jogando em Bethânia? Essas especulações deixam o filme rico, ele se estende até além da sala de cinema. Os diretores usam bem o escuro natural do interior, que é um breu, e também muito planos de cima, que mostram a folhagem, o vento, a solidão daquele lugar. Mesmo com alguns pilares de roteiro fracos, Açúcar consegue viver para além de suas 1 hora e 40, para casas, conversas e pensamentos.

 

 

 

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