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Zombi Child – Quando a ficção fala da realidade

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O termo Vudu se refere aos ramos da tradição africana baseada nos ancestrais. Esse tipo de cultura é muito presente nos países que receberam uma quantidade massiva de escravos da África, como o Haiti, e o próprio Brasil. Muitos povos que não tiveram contato tão grande com os povos africanos acabam achando esses ritos muito tenebrosos. O que na verdade é apenas o preconceito disfarçado de civilidade. O filme de Bertrand Bonello, que também assina o roteiro, Zombi Child usa dessas crenças para criar sua história.

A narrativa da obra tem duas frentes: uma é com o personagem Clairvius Narcisse, um jovem haitiano que foi zumbificado para trabalhar como escravo. A segunda é em um tempo mais recente, com a neta de Clairvius, Melissa, e sua colega Fanny. Logo no primeiro ato do filme, o uso da metalinguagem deixa claro a veracidade de sua história. Ele usa o estranhamento dos europeus com as religiões de matriz africana para criar um clima de tensão, é meio macabro. Para um brasileiro esse artifício pode funcionar ou não, pois como nós temos muita presença desses rituais, acaba não causando tanto temor para certos públicos.

Contudo, o objetivo do diretor não é causar medo, mas sim revelar a história de Clairvius. Esse personagem na verdade é um homem real que supostamente foi morto, revivido e forçado a trabalhar em uma plantação de cana. É sabido que a zumbificação é um problema social nas zonas mais rurais do Haiti, onde o poder do Estado fica eclipsado pelas sociedades de vudu que comandam a área.

Aos poucos, Bonello vai tornando o núcleo de Fanny muito mais ficcional, com o intuito de criar a atmosfera de terror. Enquanto o de Clairvius é praticamente filmado como um documentário. Existem várias cenas de rituais vudus que são plenamente críveis. O diretor trabalha com sombras na fotografia e muitos signos dentro do roteiro. Em termos de atuação, todo o elenco é mediano, porém o estilo de filme não necessita de uma grande amplitude de dramática dos personagens, pois o foco é a história factual. Portanto, a jornada de Fanny dentro do filme é muito rasa, e até boba, comparada ao restante do roteiro. Acaba sendo só uma menina que não consegue esquecer a paixão pelo namorado.

É um filme que gera muitas questões e dúvidas, exatamente por misturar ficção com realidade. Contudo, ele revela que até dentro da Europa existe a presença de religiões africanas, e também como a presença forte da religião age em lugares mais rurais.

O filme chega as plataformas de streaming no dia 29 de abril.

 

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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