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Seis dicas originais da Netflix para maratonar em um fim de semana

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Seis produções originais Netflix para consumir.

Por João Victor Ferreira

Com muito tempo em casa e a internet em vários dispositivos, o marasmo de não ter o que fazer é a combinação perfeita para assistir algo novo na locadora vermelha. Abaixo, você encontra seis dicas do que assistir na Netflix, em suas horas vagas.

Apenas dois critérios foram levados em consideração para chegar nesses seis títulos. Primeiro foi a variedade de gêneros: de terror ao documentário, de drama à ficção científica, tentando ao máximo agradar os diferentes gostos que dividem os perfis da sua tela inicial da Netflix. O maior critério, todavia, foram achar seis nomes produzidos e distribuídos pela locadora vermelha: os famosos “Originais Netflix”. Desse modo, não corremos o risco de saírem um dia de cartaz, nas rotineiras reposições que acontecem na plataforma de streaming. Sem mais delongas, vamos às dicas!

NetflixA Babá (The Babysitter, 2017) – Cole (Judah Lewis) é um jovem americano que apresenta uma conexão emocional com a sua babá Bee (Samara Weaving). Em uma noite específica, Cole passa do seu horário de dormir, acordando no meio da madrugada e descobrindo que Bee, na verdade, faz parte de um culto satânico que faz sacrifícios em sua casa.

O terror e a comédia sempre andaram muito juntos em diversas produções de gênero. É bem comum vermos o uso da sátira ou ironia para compor a tragédia gráfica do que assistimos. O maior mérito dessa produção Netflix, classificado como terrir (terror e comédia), é a sua autoconsciência. A direção de McG tem noção da tosquice da premissa e explora isso da melhor maneira, tornando o próprio roteiro digno de sátira na boca dos personagens. Aliás, a maior beleza é sem dúvida esse caráter despretensioso que usa da ironia para elevar o entretenimento do filme a um nível extremamente satisfatório.

Há aqui todo o exagero e humor de cenas escatológicas graficamente, com muito sangue e gore, mescladas com momentos de pura irreverência. Os assassinos como jovens millenials são um espetáculo à parte, de modo que o roteiro explora e critica, de forma irônica, a preocupação mútua que eles compartilham com a sua reputação nas redes sociais, enquanto torturam e sacrificam friamente sua vítima.

Aniquilação (Annihilation, 2018) – Essa produção Netflix é baseado no best seller homólogo de Jeff Vandermeer. Lena (Natalie Portman) é uma bióloga talentosa que faz parte de um grupo expedicionário das forças militares. Quando seu marido some, ela adentra um território em expansão, com a intenção e desvendar os mistérios de uma zona onde as leis da natureza parecem não se aplicar.

Há uma escassez inicial de exposição e que demonstra a intenção da direção que pretende criar uma trama que não necessariamente vai ser entendida pelo público como um todo. Há aqui uma coragem desmedida na hora de contar essa história, de modo que essa falta de contextualização e explicações mais metafísicas podem acabar afastando o público não acostumado com o gênero da ficção científica. Em contrapartida, os personagens, em suas ações e diálogos, nos dão uma boa noção dedutiva de causa e efeito, entendendo a sua forma o que acontece naquele ambiente estranho, além de brincar com a própria natureza do fazer científico.

O filme cumpre a função primordial de intrigar o público dentro deste mundo que caminha na corda bamba entre científico e fantástico. Parte das surpresas que a direção nos coloca para experimentar, vem de uma mistura bem dosada de terror, encarnado pelos seres estranhos que vivem naquela zona. Como esses momentos de tensão e aflição são muito bem dosados e esparsos, acabam recebendo o impacto devido quando ocorrem. Outro grande mérito é o design de produção que, em confluência com a fotografia, conseguem transpor em imagem a intenção da direção de representar uma mescla austera e bela de uma natureza viva e arborizada, mas completamente carregada de anomalias e exageros que não se encaixam nesse cenário. O que fica é somente o incômodo que costura toda a premissa do filme.

NetflixA Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, 2018) – Essa antologia dá conta de seis histórias que se passam em comum no Velho Oeste americano. Protagonizado por nomes como Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neelson e outros, os seis contos reúnem foras da lei, nativos e colonizadores, retratando, sob diferentes perspectivas, a vida e morte de personagens mais diversos.

A cinematografia, junto com a trilha sonora, compõe imageticamente um ar pitoresco já conhecido pelo grande público, nos levando diretamente para os cenários mais conhecidos do imaginário que carrega o gênero Western. Aliás, o roteiro inventivo dos irmãos Cohen subverte esse imaginário, de modo que, casado com as interpretações, rompem a todo momento as convenções mais conhecidas do gênero, gerando uma comédia estranha e muito irreverente. Os contos são um pouco episódicos, já que a intenção inicial era que o produto virasse uma série da Netflix. Ainda assim, cada um dos capítulos quebra nossas expectativas com os arquétipos de personagens que tanto conhecemos nesses filmes.

NetflixO Poço (El Hoyo, 2019) – Goreng (Ivan Massagué) é um homem que decide voluntariamente se inscrever para passar alguns meses na prisão conhecida como “O Poço”. Quando ele acorda inesperadamente, percebe o mecanismo rotativo vertical que basicamente transforma reis em plebeus e vice e versa, em condições que desafiam a humanidade.

A direção caminha em um universo muito consciente e imaginativo dentro da premissa que constrói desde o início do filme. O primeiro ato do filme é o que melhor funciona dentro desse esquema, já que o personagem de Zorien Eguileor, como o primeiro companheiro de cela de Goreng, funciona muito bem como mecanismo de roteiro que apresenta as exposições necessárias para nos situar no universo do longa. Ao mesmo tempo que descobrimos esses mecanismos, o filme mostra sua inventividade em continuar nos surpreendendo ainda assim, apresentando viradas inesperadas que mantem engajamento do público, dentro de uma temática que aproxima o filme de um suspense.

Outra cartada de mestre do filme é a sua duração que apresenta uma minutagem perfeita que consegue explorar a premissa do longa, sem nunca perder o foco em digressões irrelevantes para a construção total. Aliás, o filme é muito gráfico, escatológico e nojento, para alguns gostos, o que pode acabar afastando um público não acostumado com esse tipo de abordagem. Os recursos se mostram, todavia, necessários na conceituação derrotista que o longa propõe sobre a natureza e a condição humana.

Com alegoria para temas religiosos, sociais e políticos, O Poço se apresenta como um prato cheio (perdão pela ironia). Desde alusões à “Alegoria das Colheres Longas”, até uma reflexão mais profunda sobre classes e desigualdade social, o filme dentro desse sub-texto imenso que explora, consegue tocar de maneira muito profunda e artística em temas como egoísmo, privilégios, altruísmo vs. autopreservação e outros.

“A Máfia dos Tigres” (Tiger King, 2020) – Joe Exotic é o administrador de um dos maiores zoológicos de tigres do estado do Oklahoma. No contraponto, Carole Baskin é uma das maiores ativistas pelos direitos dos felinos e que vive no estado da Flórida. Esta série documental, divida em sete episódios, trata da rivalidade entre essas duas figuras, além de denunciar as falhas jurídicas americanas, no que diz respeito ao tráfico ilegal de grandes felinos.

O maior valor da série original Netflix é a aleatoriedade dos acontecimentos e os exageros irreverentes das experiências dos personagens. Eles são tão absurdos que em um roteiro de ficção, o filme poderia inclusive ser classificado como “fantasioso e irreverente demais”. É esse amor pelo absurdo que nos engaja nos episódios, em um primeiro momento.

A montagem muito bem planejada no ato de mesclar essas situações absurdas, mas também na progressão narrativa dos episódios que fazem total sentido na ordem que foram posicionados. O valor dramático da série é muito bem escalonado, dentro dessa escolha narrativa de permanecer na linha cronológica “atual”, mostrando os desdobramentos de acontecimentos passados (retratados em alguns flashbacks) nas escolhas dos personagens.

A direção é muito participativa e consciente dentro da linha narrativa que escolheu, admitindo ao público que determinado acontecimento não havia sido planejado para ser retratado na série, mas que acabou se desdobrando tanto que se tornou um episódio. Essa abordagem é muito boa na linguagem documental, já que demonstra que o documentário está vivo, é mutável e representa da melhor forma a realidade pelo olhar dos diretores.

NetflixDestacamento Blood (Da 5 Bloods, 2020) – Essa produção Netflix, traz quatro veteranos da Guerra do Vietnã que voltam ao país, depois de muitos anos, com a intenção de encontrar os restos mortais de seu comandante Stormin (Chadwick Boseman), além de descobrirem possivelmente um tesouro enterrado no mesmo local.

A direção de Spike Lee chega a um trabalho maduro e extremamente controlado, uma vez que o filme decide por uma tonalidade diversa entre momentos de drama e ação. Há aqui uma mensagem política deveras parcial, já marcada pelas tomadas documentais da Guerra do Vietnã que o diretor adiciona no início e no fim do filme, construindo uma experiência cíclica. O roteiro não se preocupa com nuances ou alegorias, já que aborda esses temas de forma muito escancarada, uma abordagem que não chega a ser problemática ao explorar um grupo étnico comum, com ideais e visões políticas contrastantes.

A maior discussão de gênero aqui é a predominância branca nas representações filmográficas na Guerra do Vietnã, mesmo que isso não seja verídico em contraste com o que realmente aconteceu.

A primeira metade do filme é um tanto lenta e previsível, remetendo a diversos outros trabalhos e filmes que já exploraram o tema. Isso parte de uma escolha consciente do roteiro, ao quebrar a sua expectativa na segunda metade que propõe escolhas mais inventivas e inesperadas. Por mais que seja politicamente envesado o filme não é moralista em nenhum momento, de modo que não há uma lição a ser aprendida e sim uma discussão a ser pensada sobre o racismo sistemático. Aliás, a direção é extremamente estilosa na representação cinematográfica de diferentes períodos de tempo, alternando entre película e digital, entre o formato 4:3 e 16:9, em diferentes retratações do filme.

O filme é extremamente bem orquestrado e editado já que a direção quer que você perceba essas mudanças, tanto que essas transições são feitas por um esticamento ou afrouxamento da imagem em tela.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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